Folha de S.Paulo

Real tem pior mês desde eleição de Trump

Dólar sobe 3,3% em outubro, período marcado ainda por recorde na Bolsa brasileira

- ANAÏS FERNANDES

A queda do dólar comercial nesta terça-feira (31) não impediu a divisa de encerrar outubro na maior alta mensal ante o real em quase um ano.

A moeda norte-americana subiu 3,3%, maior valorizaçã­o para um mês desde novembro de 2016, quando o dólar saltou 6,2% após a eleição de Donald Trump à Presidênci­a dos Estados Unidos.

Na última sessão de outubro, o dólar comercial recuou 0,3%, para R$ 3,273. O dólar à vista fechou em leve alta, de 0,17%, a R$ 3,279.

Desde meados de julho, o dólar rondava patamares de R$ 3,15 e R$ 3,20, com o mercado mais otimista sobre as reformas do governo, que acabara de aprovar a trabalhist­a.

O final de outubro, no entanto, foi marcado pela votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, barrada na Câmara em placar apertado. O peemedebis­ta obteve 251 votos para impedir o andamento das investigaç­ões, 12 a menos do que na primeira denúncia, em agosto.

“O mercado considerou que, com esse placar, o governo poderia não conseguir dar prosseguim­ento às reformas, principalm­ente a da Previdênci­a, e dificilmen­te os políticos mexeriam nesse vespeiro em 2018, ano de eleição”, afirmou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

No cenário externo, todos os olhos se voltaram em outubro para o futuro presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que deve ser anunciado por Trump até sexta-feira (3).

Jornais e agências internacio­nais afirmam que Trump deve indicar o diretor do Fed Jerome Powell para o lugar de Janet Yellen, cujo mandato acaba em fevereiro.

Powell tem perfil menos conservado­r do que o economista da Universida­de de Stanford John Taylor, que também faz parte da lista de candidatos de Trump e alimentou temores de que o Fed poderia elevar os juros mais do que o esperado.

Taxas mais elevadas nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros países, como o Brasil. BOLSA Outubro foi marcado ainda por novo recorde na Bolsa brasileira. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, atingiu 79.989,79 pontos no dia 13, puxado pelos papéis da Vale.

Nesta terça-feira, o índice fechou em leve alta, de 0,65%, a 74.308,49 pontos, com variação positiva de 0,02% no mês.

“Essa deve ser a cara dos próximos meses, enquanto houver indecisão de política interna no Brasil e expectativ­as sobre os Estados Unidos. O mercado já começa a andar na esteira das eleições do próximo ano”, afirma Fabrício Stagliano, analista-chefe da corretora Walpires.

Em 2017, o Ibovespa acumula alta de 23,4%.

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