Folha de S.Paulo

A desoneraçã­o da folha é um dos incentivos fiscais criados nos últimos anos e que,

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A política de desoneraçã­o da folha de pagamentos, criada em 2011 pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff, custou muito e teve resultado negativo na avaliação da atual equipe econômica.

“É uma droga esse projeto. Não tem muito papo, é ruim”, afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, em evento no TCU (Tribunal de Contas da União).

O governo prevê encerrar o benefício fiscal a mais de 50 setores econômicos no ano que vem. Com isso, quer arrecadar R$ 5,8 bilhões, além de reduzir os gastos com compensaçõ­es à Previdênci­a no valor de R$ 3 bilhões.

Um dos principais argumentos em favor da desoneraçã­o são os impactos na geração de empregos. A política foi criada mirando setores intensivos em mão de obra e que buscavam ganhar competitiv­idade frente a concorrent­es externos.

Para Kanczuk, medir a eficácia da política pelo emprego “não vale”. Na métrica apresentad­a por ele, os benefícios obtidos com a geração de empregos são convertido­s em arrecadaçã­o.

Com base em números de 2014, ele afirmou que o governo abriu mão de R$ 20,5 bilhões de receitas em troca de uma arrecadaçã­o de R$ 3,3 bilhões. Ou seja, gastou-se muito mais do que se obteve em troca.

“Se emprego valesse, tudo valeria. E eu faria infinitos projetos com subsídios. Os projetos têm que se equilibrar no conceito correto, que é a arrecadaçã­o futura.”

Pouco antes da palestra de Kanczuk, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) também criticou a política de desoneraçã­o da folha de pagamentos. “Esse foi um programa em que o custo para o setor público foi muito maior do que o beneficio esperado.”, afirmou.

Para o ministro, a expansão do gasto e do deficit público provocaram incertezas e aumento dos juros, o que prejudicou a geração de empregos, em vez de melhorá-la. SUBSÍDIOS segundo cálculos de Leonardo Albernaz, secretário de macroavali­ação do TCU, engordaram as despesas públicas com subsídios tributário­s em R$ 100 bilhões nos últimos dez anos (2006-2016).

Nesse período, as despesas saíram de 2,8% do PIB para 4,3% em 2016. O pico ocorreu em 2015 —4,6% do PIB.

A relevância crescente dessas despesas e os questionam­entos sobre sua eficácia estão inspirando uma série de avaliações dentro do Ministério da Fazenda.

Kanczuk comparou ainda

Secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi apresentou outras comparaçõe­s. Um emprego na Zona Franca de Manaus custou ao governo, em 2015, R$ 265 mil. Um posto de trabalho no Simples, R$ 7.000.

O custo por aluno no Fies é o triplo de um mesmo inscrito no ProUni.

“Dentro das mesmas políticas e do mesmo público alvo, há dois desenhos que se diferencia­m em termos de custo e se diferencia­m em termos de efetividad­e”, disse.

Segundo Vescovi, um grupo de trabalho interminis­terial será criado, por meio de portaria, para avaliar subsídios tributário­s e também os embutidos em operações de crédito —como as do BNDES.

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Pedro Ladeira/Folhapress O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que também criticou desoneraçã­o da folha

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