Folha de S.Paulo

Contra ‘farofada’, quiosques cobram caução de até R$ 150 no litoral de SP

Prática é ilegal, segundo a Prefeitura de Ubatuba, assim como a de lotear a faixa de areia

- REGINALDO PUPO

EM UBATUBA (SP) FOLHA,

Turistas de praias de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, vêm sendo surpreendi­dos com a cobrança de um “caução”, com valores entre R$ 100 e R$ 150, para ocupar mesas em quiosques na areia. A prática é considerad­a ilegal.

Os estabeleci­mentos visam frequentad­ores com caixas térmicas com bebidas e comidas, para a popular “farofada”. Diante da recusa do pagamento do caução, o turista é “convidado” a se retirar.

Foi o que aconteceu com a secretária-executiva Lilian Viana Santos, 39. Ela, acompanhad­a do marido e duas filhas, aceitou a exigência de um funcionári­o da Kiosk Pantai, na Praia Grande, de que deveria consumir R$ 150, mas se negou a pagar adiantado.

O garçom, diz, a “convidou” então a sair do local. “Isso aconteceu na frente de muitas pessoas. Foi muito humilhante e constrange­dor.”

Na mesma praia, o promotor de vendas Maurício Alvarenga, 31, também recebeu cobrança de R$ 100 adiantado no quiosque Baguari. “Não concordei com o pagamento e procurei outro”.

O proprietár­io do Kiosk Pantai, que pediu para não ter o nome divulgado, confirmou a prática. “Quando o cliente chega com caixa térmica, solicitamo­s que não consumam suas bebidas em nosso quiosque. A cobrança evita que eles fiquem o dia inteiro ocupando nossas mesas sem consumir nada.”

Já o proprietár­io do quiosque Baguari, que também não quis revelar sua identidade, diz pedir que o cliente não leve caixa térmica. Se ele insistir, mantém a cobrança. Se levar embora, o uso da mesa para consumo é gratuito. LOTEAMENTO 10h, já não há mais espaço na faixa de areia para os banhistas. Alguns precisam ficar praticamen­te na água.

Os turistas também disputam espaço com mesas e cadeiras dos quiosques. Tal prática é proibida desde 2009, por determinaç­ão judicial.

Os equipament­os só podem ser colocados na areia se um cliente solicitar. E, ao serem desocupado­s, devem ser recolhidos —são permitidos dentro dos quiosques, porém.

No último dia 20, a reportagem percorreu a praia e constatou diversas mesas e cadeiras vazias na areia.

O comércio ilegal transforma a Praia Grande em uma espécie de rua 25 de Março. Ambulantes com e sem carrinho comerciali­zam todo tipo de produtos na areia.

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Zanone Fraissat/Folhapress Banhistas na Praia Grande, em Ubatuba (SP)

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