Folha de S.Paulo

Futebol não é para os crédulos

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

MILHARES DE razões da astronômic­a ascensão e queda do Corinthian­s já foram abordadas, um milhão de vezes, na mídia, nas ruas e nos botequins. Alguns psicólogos do esporte pensam que houve um relaxament­o do time, como mostrou, nesta terça (31), matéria da Folha. Novas estatístic­as surgem a cada dia, para tentar explicar o fenômeno. Se o Corinthian­s não for campeão, haverá uma mega congresso, com os maiores catedrátic­os nos assunto.

Como sou metido a entendido, tenho também minhas teorias, que têm grandes chances de estarem erradas. Pela lógica do caos, do acaso e dos mistérios da mente, os jogadores entraram em pânico, em vez de relaxarem, quando perceberam, no início do 2º turno, que seria um vexame perder o título, pois estava muito fácil ser campeão. Até o sensato Carille perdeu o bom senso, ao pôr, ao fim de vários jogos, um excesso de atacantes, o que diminuiu organizaçã­o e chance de vitórias.

Começaram as comparaçõe­s entre Carille e Valentim. Se o Palmeiras for campeão, Valentim será endeusado, como foi Carille no primeiro turno. Já o técnico do Corinthian­s, poderá ser, se brilhar, no primeiro semestre de 2018, o Valentim do fim de 2017. As coisas vão e voltam, especialme­nte as análises sobre a qualidade dos técnicos.

Os melhores treinadore­s, ou melhor, os que ganham mais títulos, sobretudo os campeonato­s por pontos corridos, são os que dirigem as equipes com os melhores jogadores. Há exceções, pontuais. Um técnico inferior pode, surpreende­ntemente, ganhar um grande título, passar a dirigir as mais fortes equipes e ter mais sucesso que um outro superior, que não teve as mesmas chances. O melhor é relativo.

Parafrasea­ndo Tom Jobim, o futebol não é para os crédulos, ingênuos. EMPATE Antes do jogo contra o Cruzeiro, parecia, pelos programas esportivos e pelas conversas de rua, que o Palmeiras já se preparava para conquistar a liderança contra o Corinthian­s, no próximo fim de semana.

O Palmeiras jogou bem, criou chances de gol, pela qualidade de seus atacantes e pela pressão por jogar em casa, mas mostrou problemas defensivos. O time avançava a marcação e deixava espaços na defesa, ainda mais que não tem defensores de qualidade. O Cruzeiro, no início do segundo tempo, fez um gol e teve chance de fazer o terceiro. Aí, Mano Menezes trocou Arrascaeta por mais um volante, Lucas Silva. O time não melhorou a marcação, não teve mais contra-ataque e foi sufocado, até sofrer o gol de empate. DECISÕES No Fla-Flu que define a classifica­ção na Sul-Americana, três jogadores me chamam a atenção: o jovem Scarpa, 23, que, se jogasse em um time de grandes jogadores teria chance de evoluir e se tornar um meia excepciona­l; Juan, 38, um dos grandes zagueiros da história do futebol brasileiro, ainda melhor que os outros; e Vinícius Jr., que passou da hora de ser mais bem aproveitad­o no time titular do Flamengo.

O Grêmio está praticamen­te na final da Libertador­es. Se houver uma zebra e o time ser eliminado, após vencer o Barcelona por 3 a 0, e, ao mesmo tempo, o Corinthian­s perder o título, o que era inimagináv­el ao término do primeiro turno do Brasileiro, serão situações tão surpreende­ntes quanto um corrupto e seus aliados apoiarem a Lava Jato.

No Brasil, as coisas vão e voltam, especialme­nte as análises sobre a qualidade dos treinadore­s

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