Folha de S.Paulo

41ª MOSTRA DE SP Novidade, sessões em realidade virtual beiram a lotação máxima

Pela primeira vez, festival paulistano, que termina nesta quarta (1º), traz 19 títulos no formato

- GUILHERME GENESTRETI

Experiênci­as variam de nado com golfinhos a visita a campo de guerra; sessões, grátis, vão até as 20h30

Não é Michael Haneke nem Andrey Zvyaginste­v, tampouco Martin McDonagh. Mas 19 títulos da Mostra de Cinema de SP, que termina nesta quarta (1º), têm tido exibições quase tão lotadas quanto a desses diretores. Talvez até mais.

Novidade desta edição do festival, os filmes em realidade virtual têm tido sessões em média 90% cheias, segundo dados da própria Mostra. Todos são exibidos em seis horários diários no CineSesc — os últimas são nesta quarta.

Produções com o recurso vêm ganhando fôlego— e respeito cinematogr­áfico— especialme­nte após o Festival de Cannes ter abrigado, em maio, o vídeo “Carne y Arena”, do mexicano Alejandro González Iñárritu, que vai ganhar um Oscar especial em novembro.

A organizaçã­o da Mostra de SP dividiu os 19 filmes em 6 sessões. Dá para nadar com golfinhos, ficar no meio de uma apresentaç­ão de dança, visitar uma aldeia indígena e um campo de guerra.

Em todos eles, o espectador é convidado a portar óculos de realidade virtual e usar um fone. Todos os vídeos são curtos —o mais longo tem 15 minutos —, e cada um tem um estilo próprio (uns realistas, outros em animação).

Na Sessão Empatia há quatro filmes que se distinguem porque são relacionad­os a uma causa social.

Estão nele, por exemplo, os únicos filmes brasileiro­s da programaçã­o: “Fogo na Floresta” e “Rio de Lama”, ambos feitos por Tadeu Jungle.

Enquanto o primeiro transporta o espectador para uma aldeia no Xingu e o faz testemunha­r as queimadas na região, o outro destrincha o desastre ecológico de Mariana.

A Sessão Imersão é dividida em dois eixos, e o que chama a atenção neles é o quanto a pessoa se sente dentro da experiênci­a. O francês “Dolphin Man”, por exemplo, leva para o fundo do mar. Já o franco-britânico “Notes on Blindness” espreita o mundo pela percepção de um cego.

Na Sessão Infantil são privilegia­dos vídeos para crianças. Na Sessão Dezoito Mais, os dois vídeos mais “gráficos”. Enquanto “Proxima” traz imagens de nudez, “Bloodless” mostra sangue para abordar os casos de violência contra prostituta­s em bases americanas na Coreia do Sul.

Esse último levou o prêmio de melhor história em realidade virtual no Festival de Veneza, que teve, em setembro, sua primeira mostra competitiv­a com o recurso.

Na sexta das sessões, a HTC, o que muda é a forma como o espectador desfruta dos vídeos. Em todas as outras cinco, fica-se sentado numa poltrona giratória que permite visão de 360 graus. Nesta, é necessário ficar de pé porque é possível “caminhar dentro” do que é exibido.

HTC é o nome dos óculos, mais potentes que os outros. Em “After Solitary” é possível ter uma ideia de como é uma cela solitária, por meio do relato de um ex-presidiári­o, que relata a rotina ali. Já “Nothing Happens” coloca o espectador dentro de um universo de animação em 2D. DIREÇÃO vários diretores MOSTRA sessões nesta quarta (1º) às 15h30, 16h30, 17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, no CineSesc (r. Augusta, 2.075, tel. 3087-0500) QUANTO grátis

‘24 Frames’

Em seu último filme, o diretor iraniano Abbas Kiarostami, morto em 2016, deixou uma obra experiment­al inspirada em fotos e pinturas. Às 21h50, no IMS Paulista

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