Agraciado com visto na loteria, acusado se frustrou nos EUA
DO “NEW YORK TIMES”
Sayfullo Saipov deixou seu país em 2010, logo após completar 22 anos e ganhar na loteria o direito de residir nos EUA. Ele jamais voltou a Tashkent, a capital do Uzbequistão e sua cidade natal.
Saipov, o homem que atropelou e matou oito pessoas em um atentado em Nova York na quinta (31) ganhava a vida como caminhoneiro e rodou dezenas de milhares de quilômetros pelos EUA.
Mudou-se de um Estado para outro com a mulher, sempre em busca de algo — amigos em Ohio, uma vida nova na Flórida, parentes em Nova Jersey, onde ele começou a dirigir para a Uber há seis meses. Nada deu certo.
Quando chegou aos EUA, Saipov era um muçulmano moderado com sonhos de prosperar. Casou-se com outra imigrante uzbeque e teve três filhos. Mas a vida não saiu como planejado.
Virou, então, um homem raivoso. Um imã na Flórida se preocupava com as interpretações distorcidas do islã que ele vinha alimentando.
“Costumava dizer a ele que não fosse tão emotivo, que lesse mais, aprendesse primeiro sobre sua religião”, disse o imã Abdul. “Ele não aprendeu religião direito. Essa é a principal doença da comunidade islâmica.”
Em Tashkent, Saipov vinha de família abastada, praticava o islã tradicional e jamais aderiu ao extremismo, segundo o governo uzbeque. Nunca teve problemas com a polícia.
De 2005 a 2009, ele estudou no Instituto Financeiro de Tashkent, uma das maiores universidades do Uzbequistão, ex-república soviética na Ásia Central então governada por Islam Karimov, um dos líderes mais repressores do planeta.
Formado, trabalhou como contador no hotel Sayokhat, em Tashkent. E então ga-
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