Folha de S.Paulo

Botijão de gás acumula reajuste de 54%

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O governo decidiu manter em operação térmicas mais caras, apesar do início do período chuvoso, com o objetivo de tentar preservar água nos reservatór­ios das hidrelétri­cas brasileira­s.

A medida deve ter impacto nas tarifas de energia a partir dos reajustes anuais das distribuid­oras, quando são calculados os gastos adicionais da taxa ESS (Encargos de Serviços do Sistema), cobrada na conta de luz.

Em reunião nesta sexta (3), o CMSE (Comitê de Monitorame­nto do Setor Elétrico) decidiu autorizar o despacho fora da ordem de mérito, que libera o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) a usar usinas mais caras do que as recomendad­as pelo modelo que rege a operação do sistema.

De acordo com o MME (Ministério de Minas e Energia), a medida é necessária porque, com o início do período de chuvas, o preço-limite para o despacho de usinas caiu.

Assim, só poderiam ser usadas usinas com custo de até R$ 493,24 por megawattho­ra (MWh), o que limita o acionament­o de parte do parque térmico.

Na reunião, o CMSE permitiu que o ONS permaneça usando usinas com preço de até R$ 702,50 por MWh. A decisão vale para a semana que vem. Na próxima quinta (9), o comitê se reúne novamente para avaliar a situação.

Em 25 de outubro, o CMSE decidiu fazer reuniões emergencia­is toda semana, para acompanhar mais de perto a situação dos reservatór­ios, que já se encontram em níveis inferiores ao período anterior ao racionamen­to de 2001.

Na quinta (2), os reservatór­ios do sistema Sudeste e Cen- tro-Oeste estavam com 17,76% de sua capacidade de armazename­nto de energia, volume inferior aos 23,19% registrado­s em novembro de 2001. No Nordeste, os reservatór­ios estão em 5,78%, abaixo dos 8% do mesmo mês em 2001.

O consumidor já vem sentindo no bolso o efeito da seca, com o pagamento da bandeira tarifária em sua conta de luz. Neste mês, está vigorando a bandeira vermelha patamar 2, que custa R$ 5 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

A arrecadaçã­o com as bandeiras

DO RIO

A Petrobras anunciou nesta sexta (3) novo reajuste no gás de cozinha para embalagem em botijões de 13 quilos. Desta vez, a alta será de 4,5%, causada, segundo a estatal, pela alta nas cotações internacio­nais.

Foi o quinto aumento consecutiv­o. Desde que a empresa mudou sua política de preços para o GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha), em junho, foram seis aumentos e uma única redução, em 5 de julho.

Nesse período, o produto vendido em embalagens de até 13 quilos acumula aumento de 54%.

Em comunicado distribuíd­o nesta sexta, a Petrobras diz que, se o repasse ao consumidor for integral, o botijão de gás ficará 2%, ou R$ 1,21, mais caro.

“O reajuste foi causado principalm­ente pela alta das cotações do produto nos mercados internacio­nais, influencia­da pela conjuntura externa e pela proximidad­e do inverno no hemisfério Norte”, afirmou a estatal.

Na quarta (30), a empresa havia anunciado aumento também no preço do GLP para embalagens maiores do que 13 quilos, mais usadas por comércio e indústria. A alta foi de 6,5%.

Nesse caso, o reajuste acumulado desde junho é de 29,5%.

Desde 2013, a estatal pratica preços diferentes para os dois produtos. A política foi iniciada ainda no início do governo Lula com o objetivo de conter a inflação e oficializa­da em 2015 em resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).

A nova política de preços mantém a diferença: para o cálculo do GLP industrial, a Petrobras inclui o custo de importação, além das cotações internacio­nais e margem de lucro.

A ANP, porém, defende o fim da diferença de preços, alegando que prejudica a atração de investimen­tos.

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