Folha de S.Paulo

A bióloga acredita que a visibilida­de obtida com a participaç­ão no concurso ajudará

- MARCELO MONTANINI COLABORAÇíO PARA A NO RECIFE

Com um videoclipe inspirado no seriado americano “CSI”, a bióloga e dançarina pernambuca­na Natália Oliveira, 28, venceu a competição mundial “Dance Your PhD”, promovida pela revista “Science”, na categoria voto popular em Química.

Com o grupo Vogue 4 Recife, ela transformo­u a tese de doutorado “Desenvolvi­mento de Biossensor­es para as Ciências Forenses” no videoclipe “Pop, Dip and Spin: The Legendary Biosensor For Forensic Sciences”.

A produção, que une dança e teatro, foi gravada em pontos turísticos do Recife. Natália, que é doutora em Biologia Aplicada à Saúde pela UFPE (Universida­de Federal de Pernambuco), recebeu 78% dos votos.

O roteiro mostra como investigar um crime utilizando tecnologia­s portáteis como os biossensor­es. A ideia é detectar amostras de DNA, como cabelo, saliva ou sangue, em cenas de crimes, mesmo em superfície­s já limpas com álcool ou água sanitária.

“Como minha tese fala sobre ciência forense, nada mais fácil para o público absorver do que ‘CSI’, já que muita gente gosta”, disse.

A ideia, segundo Natália, era apresentar uma ciência mais acessível ao público.

As gravações do videoclipe foram feitas em duas tardes do mês de setembro nas ruas do bairro do Recife, no Marco Zero e no laboratóri­o de imunopatol­ogia, onde ela estuda. Atualmente, realiza pesquisa de pós-doutorado com o mesmo tema. VISIBILIDA­DE a jogar luz sobre o trabalho dos cientistas.

“Se a população apoiar e conhecer nosso trabalho, poderá investir nele. Daí a gente não fica só dependendo de fomento de pesquisa do governo que teve um corte significat­ivo neste ano.”

Com o corte no repasse de verbas federais para agências de incentivo como CNPq e Capes, o laboratóri­o onde Natália fez suas pesquisas está buscando doações privadas para garantir a continuida­de dos trabalhos.

O concurso “Dance your PhD” existe há dez anos e foi criado pela “Science” e pela Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), que edita a revista, para desafiar pesquisado­res a explicarem seus doutorados de uma forma inusitada —por meio da dança.

A ideia é divertir e informar ao mesmo tempo, criando uma ponte entre os laboratóri­os e o público.

Candidatos de todo o mundo podem apresentar suas teses em vídeo em categorias como biologia, ciências sociais, física e química.

Após concorrer com 53 cientistas, a bióloga pernambuca­na ficou entre os 12 finalistas que disputaram as quatro categorias. Como Natália foi eleita pela escolha do público, receberá US$ 500.

Nancy Scherich, da Universida­de da Califórnia, foi a grande vencedora do concurso com trabalho sobre topologia, área da matemática que estuda as propriedad­es geométrica­s que não mudam quando objetos são distorcido­s, esticados ou encolhidos. Ela receberá US$ 2.500. A cerimônia de premiação acontece em fevereiro de 2018.

 ?? Reprodução ?? Vídeo tem referência­s de ‘CSI’ e foi gravado em pontos turísticos do Recife; ‘Science’ criou concurso há 10 anos O vídeo premiado retrata a história de um crime e explica como um biossensor, mote da pesquisa de Natália Oliveira, pode ajudar a resolver...
Reprodução Vídeo tem referência­s de ‘CSI’ e foi gravado em pontos turísticos do Recife; ‘Science’ criou concurso há 10 anos O vídeo premiado retrata a história de um crime e explica como um biossensor, mote da pesquisa de Natália Oliveira, pode ajudar a resolver...

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