Para moradores, críticas à gestão são precipitadas
Jeff Smith, 48, bartender em um restaurante de Somerset (Pensilvânia), não se enquadra no perfil do eleitor típico de Donald Trump. Com a TV sintonizada na rede CNN —algo incomum na região—, ele diz que votou no republicano, mas que não sabe se faria isso de novo se a eleição fosse hoje.
“Ainda é muito cedo para dizer”, diz, desconfiado.
Smith afirma ter optado por Trump por ver no empresário alguém que poderia “mudar as coisas” em Washington. O mesmo sentimento tinha feito com que ele votasse no democrata Barack Obama em 2008.
Eleitores como ele têm cada vez menos expressado seu apoio a Trump, segundo levantamento feito pelo site FiveThirtyEight com o SurveyMonkey, empresa de sondagens on-line.
Segundo a pesquisa com 3.227 pessoas, dos eleitores que afirmam ter votado em Trump “sem empolgação” —15% do total de eleitores seus entrevistados— sua aprovação caiu de 77% em abril para 63% em agosto, data da pesquisa mais recente. Entre os 85% que votaram convictos, o percentual caiu de 99% para 95%.
“Não é de se esperar que pessoas que votaram em Trump como último recurso estivessem especialmente felizes com o estado do país”, disse o estatístico Nate Silver, do FiveThirtyEight.
Na Pensilvânia, Trump foi o primeiro republicano a conquistar maioria desde George Bush pai, em 1988.
Segundo Leon Moyer, 60, dono de uma gráfica em Ruffs Dale, a 60 km de Somerset, as eleições de 2016 foram bem diferentes: apesar de o condado de Westmoreland ser um pouco mais democrata nas urnas que o vizinho, ele não recebeu nenhuma encomenda para imprimir cartazes de apoio a Hillary Clinton.
Já pró-Trump, ele calcula ter vendido mais de 500.
“Parte da população já estava cansada de ser deixada para trás. Então o que houve é que essa região da Pensilvânia se levantou e foi votar”, disse Moyer.
Hoje imprime cartazes com frases como “blue lives matter” (“vidas de policiais importam”, resposta ao movimento negro Black Lives Matter) e críticas à CNN. Para ele, críticas a Trump são precipitadas. “As pessoas querem que ele faça tudo de uma hora para outra, mas isso é impossível.” (IF)