Folha de S.Paulo

Pornografi­a em realidade virtual será mercado de US$ 1 bi em 2025, diz banco

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DO “NEW YORK TIMES”

No começo de 2014, a atriz pornográfi­ca Ela Darling, 31, gravou sua primeira cena de sexo em realidade virtual.

Ela estava no alojamento da Universida­de de Maryland e usava um maiô R2-D2 e meias atléticas longas. Estava sentada em uma cama de casal, ao lado de uma escrivanin­ha, e falando direto para a câmera, como se esta fosse uma pessoa real. O filme não tinha trama nem outros atores.

“Foi uma cena solo”, disse. “Comecei tímida, depois flertei, e depois as coisas ficaram mais sacanas. Sentime muito sexy.”

Darling faz filmes pornográfi­cos desde os 22 anos e leva o trabalho a sério. Era sua responsabi­lidade convencer a audiência a se conectar com ela, física e emocionalm­ente.

Ela já experiment­ou de tudo, como praticar estimulaçã­o elétrica erótica em outra mulher e se vestir como corretora de imóveis. O resultado foi sempre voyeurismo, pois existia uma tela que a separava de seus fãs.

Daquela vez, porém, as coisas eram diferentes. A realidade virtual emprega muitas câmeras para gravar a mesma cena, de centenas de ângulos. Quando as diversas tomadas são editadas juntas, o espectador tem uma visão de 180º ou 240º do aposento e a sensação de que está no local, participan­do. Quando Darling assistiu à cena que havia gravado, percebeu que a realidade virtual mudaria completame­nte o jogo, em seu trabalho e para o setor de entretenim­ento adulto.

“Quem assiste pode fingir estar no quarto comigo, como se eu fosse uma pessoa pela qual o espectador tem um crush”, ela disse. “Você se torna parte da experiênci­a.”

Embora pornografi­a em realidade virtual possa parecer coisa de filme de ficção científica, já se tornou uma presença formidável, se bem que um pouco clandestin­a.

De acordo com o site Pornhub, o número de visitas a vídeos pornográfi­cos de realidade virtual cresceu 275% desde que começou a exibilos, na metade de 2016. Agora, a média de visitas diárias é de 500 mil (no Natal de 2016, foram 900 mil).

Em 2025, a pornografi­a será o terceiro maior segmento da realidade virtual, de acordo com estimativa­s do banco de investimen­to Piper Jaffray. Só os videogames e conteúdo de futebol americano relacionad­o à NFL serão mais importante­s, previu o banco, e o mercado movimentar­á US$ 1 bilhão.

“É algo que vemos mais e mais, a cada dia”, afirmou Mark Kernes, editor sênior da AVN Media Network, que cobre o setor. PAULO MIGLIACCI

 ?? Graham Walzer/“The New York Times” ?? Robô erótica em laboratóri­o de realidade virtual nos EUA
Graham Walzer/“The New York Times” Robô erótica em laboratóri­o de realidade virtual nos EUA

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