Fez da doença uma ponte e não um abismo
Com os cabelos longos, curtos ou mesmo com um turbante ao redor da careca: Lívia Hernandes estava sempre com um sorriso rasgado no rosto, mesmo que o ar parecesse um pouco cansado e a voz desse sinais de fraqueza.
De Franca (SP), Lívia era a segunda de três irmãos. Mantinha a alegria de menina mesmo com o avanço da idade e um otimismo que destoava. Mas, talvez pelo contraste com a rotina de tratamentos, foi diante do câncer de mama que seu sorriso passou a chamar mais a atenção.
O diagnóstico veio aos 27 anos. A própria Lívia parafraseava Chico Xavier para explicar como foi. Dizia ter encontrado duas formas de ver a doença: ela podia ser uma ponte ou um abismo. A eterna menina alegre escolheu a ponte.
Veio a mastectomia, o congelamento de óvulos e as sessões de quimioterapia. Tudo compartilhado no seu blog, onde também dava dicas e sugestões a pessoas que passavam pelo mesmo tratamento.
Recebeu alta seis meses após o início, mas logo um outro nódulo, agora na axila, a levou de volta ao tratamento. Por três anos, Lívia passou por altos e baixos, um procedimento atrás do outro, mas também terminou o mestrado, curtiu a sobrinha, viajou e foi pedida em casamento no topo da torre Eiffel. O doutorado estava pronto, mas não teve tempo de apresentá-lo à banca.
No último dia 25, ela reuniu a família em seu quarto pra se despedir. Conseguiu dar um celular de presente à mãe, pelo Natal, e repetiu que tudo ficaria bem. Morreu no dia seguinte, aos 30 anos, deixando os pais, um irmão, uma irmã, o noivo e a sobrinha. coluna.obituario@grupofolha.com.br 7º DIA SHLOSHIM - CEMITÉRIO ISRAELITA DO EMBU MATZEIVA - CEMITÉRIO ISRAELITA DO BUTANTÃ Neste domingo (5) às 11h, set. R, qd. 394, sep. 79.