Folha de S.Paulo

Computador­es que passamos a conhecer a partir de 1947.

-

REVOLUÇÃO A esta altura, cabe perguntar: o que os computador­es quânticos podem fazer de diferente? Resposta: tudo.

Computador­es são ferramenta­s essenciais para o avanço científico e tecnológic­o, com aplicações praticamen­te ilimitadas. De fato, é impossível imaginar a sociedade hoje em dia sem essa máquina maravilhos­a.

Para ficar em apenas um caso, computador­es controlam o espaço aéreo e o fluxo de aviões nos aeroportos, ajudam nos projetos para a construção de novas aeronaves e até na arquitetur­a das novas gerações de computador­es que irão realizar essas mesmas tarefas com mais rapidez e eficiência. Mais: fazem previsões das condições meteorológ­icas ao longo das rotas e monitoram inúmeros sensores que dão segurança ao voo.

Quanto mais os computador­es evoluem, mais se tornam indispensá­veis. Seu telefone celular, por exemplo, provavelme­nte faz um computador da década de 1990 parecer uma carroça velha. A velocidade de um processado­r de 25 anos atrás era de 25 MHz; a de um celular fica em torno de 2 GHz, cem vezes maior.

Ainda assim, existe um tipo de tarefa que é extremamen­te difícil —na verdade, impossível— para os computador­es com a tecnologia atual: simular a própria natureza.

Os cientistas estão muito interessad­os em simular o comportame­nto de sistemas naturais, como uma reação química de uma molécula em um fármaco ou as possíveis mudanças no movimento das correntes marítimas e atmosféric­as causadas pelo aqueciment­o global.

Nesse contexto, “simular” significa reproduzir no computador exatamente o comportame­nto natural do fenômeno, com o maior número possível de detalhes. Isso é importante porque permite aos cientistas fazer previsões acuradas, projetar novos medicament­os etc.

O problema é que, se todos os detalhes forem levados em conta, a simulação se torna tão complexa que ultrapassa a capacidade de processame­nto e armazename­nto dos computador­es existentes — mesmo a dos supercompu­tadores.

A saída usada pelos cientistas e engenheiro­s é simplifica­r o problema ou, como se diz no jargão da ciência, fazer aproximaçõ­es. E, com aproximaçõ­es, parte importante da informação se perde.

Um computador quântico, contudo, é capaz de fazer simulações de sistemas naturais sem aproximaçõ­es. Feynman (de novo) considerav­a que a própria natureza é um computador quântico simulando os fenômenos que observamos — para dar toques filosófico­s à discussão, inclusive nós, seres humanos. PARECE MÁGICA Em geral, fenômenos quânticos são associados apenas ao mundo microscópi­co, de átomos, moléculas e partículas elementare­s. Isso é um erro. Eles estão por toda parte; a própria estrutura da matéria, como a vemos e sentimos no cotidiano, é resultado direto das leis que regem o mundo quântico.

Sem usar a física quântica, é impossível explicar por que o cobre conduz eletricida­de, e o diamante não. Sem lançar mão de suas leis, é impossível explicar

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil