Livro explora desafios do jornalismo na Amazônia Legal
Elvira Lobato, que trabalhou 27 anos na Folha, acompanhou repórteres que driblam dificuldades técnicas, financeiras e políticas
Depois de quatro décadas de dedicação às reportagens em jornais, com especial atenção para a cobertura das telecomunicações, a jornalista Elvira Lobato, 63, decidiu rever o tema sob um novo enfoque. E assim levá-lo para as páginas de um livro.
O mote central do recémlançado “Antenas da Floresta” não é a utilização de TVs por políticos e grupos religiosos, filão pelo qual ela se tornou conhecida nos 27 anos em que trabalhou na Folha.
O “coronelismo eletrônico”, como é conhecido o uso da mídia para obtenção de poder político, aparece com clareza ao longo das mais de 350 páginas do livro.
Mas os políticos ocupam papel coadjuvante na obra, assim como os empresários que comandam as pequenas retransmissoras.
A autora se volta para o trabalho de repórteres e cinegrafistas que contornam a pre- cariedade financeira e técnica para fazer jornalismo na Amazônia Legal.
É o caso de Edson Nascimento, da TV Rio Norte, instalada em Conceição do Araguaia, cidade no sul do Pará.
Em um trecho divertido do livro, Elvira reconstitui a produção de uma reportagem de Nascimento, que transcorre em uma madrugada no cemitério da cidade.
O objetivo dele é denunciar a falta de iluminação pública, que havia transformado o local em abrigo para ladrões e usuários de drogas.
“É um jornalismo rudimentar e, muitas vezes, manipulado. Ainda que tenha esses defeitos, é um trabalho de relevância”, afirma Elvira, que realizou três expedições pela Amazônia Legal entre 2015 e 2016. A região representa 59% do território brasileiro.
“Convivi com jornalistas que tinham sido garimpeiros, trabalhadores rurais... A dedicação deles me emocionou”, conta. “Apesar das condições duras, todos falam do