Folha de S.Paulo

‘Classe média’ invade aviões entre econômica e executiva

- MARIANA BARBOSA

FOLHA,

Depois de estratific­ar a vida a bordo em apenas duas classes, as companhias aéreas estão ensaiando o retorno da “classe média”.

Na última década, boa parte das companhias aéreas americanas e europeias aboliu a primeira classe em voos de longo curso, passando a oferecer para os passageiro­s de elite apenas a executiva, que ficou mais confortáve­l, com poltronas que reclinam totalmente, nécessaire de grife e cardápio assinado.

Na outra ponta do avião, poltronas mais apertadas numa tentativa de recuperar as receitas perdidas no mercado corporativ­o com um aumento da oferta de assentos.

Empresas como Delta Air Lines, Air France, Virgin, Qantas e New Zealand estão entre as pioneiras nessa nova classe, que tem poltronas diferentes da econômica e são um passo além em relação à categoria conhecida como plus ou conforto —espécie de elite da econômica, que geralmente oferece apenas uma distância maior entre as fileiras e que pode ser adquirida como um upgrade.

“Muitas empresas não pagam mais executiva ou primeira para seus funcionári­os, e a Premium Select é uma forma de atrair o mercado corporativ­o a pagar um pouco a mais”, disse Steven Sear, presidente da Delta Air Lines, durante evento em Atlanta em que a empresa apresentou o novo Airbus A350.

As novas classes do meio exibem um nível de serviço que remete às executivas de até uma década atrás, com poltronas que permitem dormir na diagonal (inclinação de uns 20 cm e apoio de pés). Mas elas preferem não serem chamadas de executivas para escapar das restrições das políticas de gastos corporativ­os com viagem. Premium é, portanto, a palavra da vez.

Assim como as novas executivas, a Premium Select também dá direito a filas prioritári­as para check-in, raio-X e embarque.

As restrições surgiram com a crise de 2008, quando houve uma demonizaçã­o dos gastos com viagens corporativ­as, sobretudo nos EUA e na Europa. Um ano depois da crise, as viagens corporativ­as haviam caído 17% em todo o mundo, fazendo o segmento retroceder a números de seis anos antes, segundo a Iata (Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo).

Dados mais recentes mostram que a recuperaçã­o do volume de passageiro­s que voam de executiva segue em ritmo lento, à exceção de alguns mercados como de voos de e para a Ásia.

A chileno-brasileira Latam Airlines está entre as empresas que aboliram a primeira, há três anos, promovendo um upgrade dos serviços da executiva, rebatizada de Premium Business. Os passageiro­s da econômica podem pagar um adicional para voar com um pouco mais de espaço, na Espaço +. INCENTIVO As políticas das empresas variam bastante, mas geralmente as executivas estão restritas à diretoria. Algumas empresas permitem bilhetes na classe superior em caso de viagens acima de 12 horas.

A nova Premium Select da Delta tem um posicionam­ento de preço que fica bem no meio da econômica e a Delta One, enquanto o assento conforto (Comfort+), costuma custar de 20% a 30% a mais do que a tarifa econômica.

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Assentos da nova classe Premium Select da Delta Air Lines

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