Folha de S.Paulo

Reunião da ONU discute implementa­ção do Acordo de Paris

- FABIANO MAISONNAVE

Na primeira reunião desde que os EUA anunciaram a saída do Acordo de Paris, delegados de 195 países discutem a partir desta segunda (6) a implementa­ção da meta de manter o aqueciment­o global abaixo de 2°C, estabeleci­da em 2015 na capital francesa.

A COP-23, 23ª conferênci­a das partes da Convenção sobre Mudança do Clima adotada no Rio de Janeiro em 1992, será na antiga capital da Alemanha Ocidental, mas o paísanfitr­ião é Fiji. O problema é que o pequeno arquipélag­o do Pacífico não tem estrutura para receber os 25 mil participan­tes previstos para a reunião.

As discussões principais serão em torno de como colocar em prática o Acordo de Paris. A padronizaç­ão da contagem das emissões de carbono e o alto custo financeiro para trocar combustíve­is fósseis por fontes de energia menos poluentes estão entre os temas centrais.

O grande elefante branco da sala é o presidente Donald Trump, que prometeu deixar o Acordo de Paris por “punir os Estados Unidos”. No entanto, o segundo maior poluente do mundo (atrás da China) só poderá abandonar formalment­e o tratado em 2020, por causa das regras às quais o país se compromete­u em 2015.

Para esquentar mais as animosidad­es, um evento da comitiva dos EUA promoverá o uso do carvão, considerad­o um dos combustíve­is mais poluentes, em meio a medidas recentes adotadas por Washington para reavivar o setor.

Para a reunião, Trump enviará o subsecretá­rio de Estado para Assuntos Políticos e ex-embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon.

Pelo lado brasileiro, a comitiva será encabeçada pelo ministro do Meio Ambiente, Zequinha Sarney (PV-MA), que chega na segunda semana. Sua pasta será responsáve­l pelo Espaço Brasil, onde haverá debates sobre temas como desmatamen­to e Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Vários governador­es da Amazônia Legal também estarão em Bonn. No dia 14, haverá o “Amazon Bonn”, quando devem ser anunciados acordos de cooperação com a Alemanha e o Reino Unido contra o desmatamen­to.

Os governador­es também devem promover um consórcio recém-criado entre os nove Estados amazônicos. O objetivo é captar recursos para a preservaçã­o ambiental.

Fora do circuito oficial, o Brasil também terá representa­ntes de ONGs, como o Observatór­io do Clima, e lideranças indígenas, incluindo Sonia Guajajara, da Articulaçã­o dos Povos Indígenas do Brasil.

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