Mais que uma vitória
GANHAR O Dérbi diante de mais de 46 mil corintianos em Itaquera significou mais que empatar a história do clássico em Brasileiros, ampliar para oito pontos a vantagem sobre o maior rival, ou recuperar a confiança que parecia perdida.
O mais importante foi jogar bem, muito bem no primeiro tempo, quando poderia ter goleado o Palmeiras não fossem duas defesas espetaculares de Fernando Prass, ao evitar gols certos de Rodriguinho e de Jô.
O 3 a 1 dos primeiros 45 minutos não exprimiu o tamanho da superioridade alvinegra, mesmo que se considere ter sido irregular, por impedimento milimétrico de Romero, o primeiro gol marcado pelo paraguaio que, diga-se, trapalhadas à parte, fez um partidaço, assim como Jô, autor do terceiro tento, em pênalti sofrido por ele mesmo.
O Corinthians começou a decidir o jogo um dia antes do clássico, quando levou mais de 32 mil fiéis ao último treinamento, algo inédito na vida do clube, por mais manifestações de amor que já tenha visto sua gente dar.
O Palmeiras demorou a perceber o tamanho da energia que pairava sobre Itaquera.
Na verdade precisou sofrer dois gols em dois minutos, aos 28 e aos 30, o segundo de Balbuena, para acordar e devolver em intensidade a pressão sofrida por contra-ataques fulminantes do rival.
O segundo tempo foi que o tinha de ser.
Os visitantes com a bola em busca de diminuir o placar, em somar ao gol de Mina no tempo inicial mais um, em busca do empate e da eventual virada.
O gol nasceu, aliás, um golaço, de um desvio infeliz de Pablo que Moisés aproveitou de maneira belíssima.
Já o empate não aconteceu porque o Palmeiras não soube ultrapassar a barreira corintiana, o velho ônibus estacionado na frente da área, tanto que Cássio, diferentemente de Fernando Prass, não teve de fazer nenhuma defesa difícil.
Pena ouvir do jovem e promissor treinador alviverde, Alberto Valentim, que o gol de Romero tenha sido fruto de “muito impedimento”, quando, na verdade, foi daqueles difíceis de serem observados a olho nu, razão pela qual tanto se reivindica, aqui, a arbitragem de vídeo.
Fábio Carille acertou na mosca ao entrar em campo com Clayson no lugar de Jadson, quando mais não seja porque o ex-pontepretano mostrou ser muito mais eficaz na bola parada.
O campeonato segue aberto, se não para o Palmeiras, certamente para o Santos.
No ano do centenário do Dérbi, o Corinthians venceu os três, todos com características especiais: o primeiro, no Paulistinha, com dez jogadores, gol no fim do então reserva Jô; o segundo, na casa verde, e por 2 a 0; o terceiro por 3 a 2, ao jogar bem e emocionalmente mais forte que o adversário.
No 1 a 0 o Timão ganhou confiança para acabar campeão. No 2 a 0 assumiu a postura que o levou a fazer o melhor primeiro turno da história dos Campeonatos Brasileiros.
E o 3 a 2 pode ter sido a vitória que marque a arrancada definitiva para o heptacampeonato.
Só que ainda faltam o Furacão (fora), o Avaí e o Fluminense (em casa), o Flamengo (fora), o Galo (em casa) e o Sport (fora).
Por contar com os ovos antes da galinha é que o time sofreu como sofreu no excelente Dérbi.
Ao ganhar do Palmeiras por 3 a 2 no melhor jogo do Brasileiro, o Corinthians fez mais do que vencer