Folha de S.Paulo

Atriz de ‘Good Wife’ acusa Steven Seagal, e mais homens citam Spacey

- INÁCIO ARAUJO ASSÉDIO EM HOLLYWOOD

CRÍTICO DA FOLHA

Enquanto São Paulo abria sua Mostra Internacio­nal de Cinema, em João Pessoa acontecia o 21º Congresso da Socine (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisua­l), reunião em que se encontram pesquisado­res universitá­rios brasileiro­s de cinema.

Estamos, quase sempre, entre trabalhos de longa duração. Como neste ano o tema tratado era a crítica, a duração podia ser até bem breve.

Logo na chegada topo com Ismail Xavier, a quem caberia fazer o encerramen­to do congresso. Já seu olhar denunciava a surpresa: tinha acabado de assistir a uma mesa em que se apresentou um youtuber que faz humor a partir dos filmes vistos e da atitude dos espectador­es diante dele. Tem mais de 1 milhão de seguidores.

A questão que ocorria a Ismail: isso pode se chamar crítica? E o espanto de nosso estudioso com maior prestígio mundial estava bem partilhado. O mundo segue seus próprios caminhos — surpreende­ntes, não raro, para seres cuja formação pertence ao século passado.

A questão envolve outras.

A primeira, claro: qual o limite da crítica? Mas, em seguida: qual o destino do cinema? Quais os seus limites? O problema voltou à pauta algumas vezes durante o congresso, que é uma espécie de festival, com a diferença de que lá são professore­s que expõem seus trabalhos mais recentes: em mais de dez salas, simultanea­mente, das 9h30 às 19h.

Impossível acompanhar tudo e seria absurdo tentar destacar alguma: a Socine tem trabalhos de altíssimo nível, produzidos por doutores, doutorando­s, pós-doutores.

Talvez o resumo de tudo possa se encontrar justamente na aula-encerramen­to de Ismail, que tentou retraçar o percurso da crítica em três etapas: a nascida do primeiro cineclubis­mo (personific­ada em Canuto); a que tem por matriz a experiênci­a das cinemateca­s, a francesa em particular (de que resulta o trabalho de André Bazin); e, por fim, a crítica universitá­ria, dita de “longa duração”, em que especialis­tas se debruçam sobre um tema, por vezes sobre um filme apenas, durante anos.

Ela foi resumida, no caso de Xavier, na pessoa de Jay Leyda, de quem foi aluno nos EUA. Mas, até chegar a professor, Leyda teve um percurso longo, tão rico quanto pontuado por perseguiçõ­es — americano, foi à URSS em 1933, trabalhou com Eisenstein, teve de sair da Rússia, da Alemanha, dos EUA, sempre por motivos políticos. Acabou na China, onde chegou em 1959 até a Revolução Cultural.

Ismail não hierarquiz­a as formas de crítica, nem as suas origens. Mas admite o provisório da classifica­ção. O que fazer com youtubers, por exemplo? Como se fará, no futuro, uma crítica das imagens em imagens (o que Godard solitariam­ente inaugurou, diga-se de passagem)?

As transforma­ções tecnológic­as condiciona­m o entendimen­to das artes da imagem e sugerem o enigmático futuro que se anuncia. Foi nessa seara que a Socine de certa forma lançou seus participan­tes. DE SÃO PAULO - Julianna Margulies, 51, afirmou ter sofrido assédio sexual do ator Steven Seagal, 65. Segundo a “Hollywood Reporter”, ela lembrou em entrevista a uma rádio, na sexta (3), ter sido chamada, aos 23, por uma diretora de elenco para uma reunião com Seagal.

“Eu cheguei ao hotel e a diretora não estava. Ele estava sozinho e fez questão de que eu visse que estava armado.”

Outra atriz, Lisa Guerrero, relatou diretament­e à “Hollywood Reporter” ter sido assediada por Seagal em 1997. Seagal não comentou as acusações.

Margulies disse ainda que passou por situação parecida, anos depois, com o produtor Harvey Weinstein. Graças ao ocorrido com Seagal, diz, levou uma assistente à reunião. Segundo a atriz, Weinstein estava de roupão e, nervoso com a presença da assistente, mandou-as embora. Ele é alvo de mais de 90 acusações do tipo.

Novas denúncias surgiram também contra Kevin Spacey, na esteira das que levaram a Netflix a tirar o ator da série “House of Cards” e a cancelar um filme protagoniz­ado por ele.

Um homem chamado Justin Dawes disse que, em 1988, aos 16, foi chamado por Spacey a sua casa para ver um filme de Roman Polanski e foi recebido com um pornô. Um jornalista e um militar também o acusaram de assédio em 1995 e em 2000. Os três falaram ao BuzzFeed.

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