Folha de S.Paulo

Ataque mata oito membros da mesma família

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Devin Patrick Kelley, o atirador de 26 anos que matou 26 pessoas em uma igreja na zona rural do Texas no domingo (5), havia sido expulso da Força Aérea dos EUA por agredir mulher e filho.

Seus sogros eram frequentad­ores do templo em Sutherland Springs, mas não estavam no local na hora da chacina, segundo autoridade­s.

Antes do episódio, Kelley mandara mensagens com ameaças aos pais da mulher, de acordo com o governo do Texas, que não investiga o caso como terrorismo.

O atirador não teria tido motivações religiosas ou raciais, segundo apurações preliminar­es. O estopim teria sido uma “situação doméstica”.

O porta-voz do Departamen­to de Segurança Pública do Texas afirmou que, quando o atirador invadiu o culto, usava uma máscara de caveira e colete à prova de balas.

Kelley foi perseguido por duas pessoas, uma delas armada, após abrir fogo. Ele bateu o carro durante a fuga e se matou com um tiro, segundo o xerife do condado de Wilson, Joe Tackitt.

De acordo com autoridade­s, Kelley teria ligado para o pai durante a perseguiçã­o. Foram encontrada­s duas pistolas no carro e um fuzil que o atirador deixou na igreja. FORÇA AÉREA O atirador morava em uma área isolada em New Braunfels, a cerca de 56 km de Sutherland Springs. Kelley serviu na unidade de logística da Base Aérea Holloman, no Novo México, de 2010 a 2014, segundo a Força Aérea.

Ele foi condenado por uma corte marcial em 2012 por agredir sua mulher e seu filho. Dispensado por má conduta, teve sua patente reduzida.

Nesta segunda (6), a corporação reconheceu não ter seguido o protocolo de registro da condenação numa base de dados federal, cadastro que poderia ter evitado a aquisição de armas pelo atirador.

Kelley matou 23 pessoas dentro da igreja e duas do lado de fora. Outra vítima morreu quando era levada ao hospital. A idade dos mortos vai de 5 a 72 anos.

O ataque a tiros ocorreu pouco mais de um mês depois de um atirador abrir fogo durante um show em Las Vegas, matando 58 pessoas e ferindo mais de 500, no maior ataque do tipo nos EUA.

As 26 mortes no Texas tornam a chacina a quarta maior da história do país —no ataque à escola Sandy Hook, em Connecticu­t, em 2012, também morreram 26.

Sutherland Springs, a 48 km de San Antonio, tem menos de 700 habitantes. SAÚDE MENTAL Em declaraçõe­s sobre o ataque nesta segunda (6), o presidente americano e o governador do Texas desviaram da questão do controle de armas e questionar­am a saúde mental do atirador — sem apresentar evidências que corroboras­sem tal tese.

“Com base em relatos preliminar­es, [é possível dizer que] esse era um indivíduo muito perturbado. Muitos problemas por um período de tempo muito longo”, afirmou Trump, ao ser questionad­o sobre a chacina durante a escala em Tóquio de seu tour asiático.

“Temos muitos problemas de saúde mental em nosso país, como outros países têm. Mas essa não é uma situação de armas”, declarou.

“Está claro que era uma pessoa que tinha tendências violentas, que tinha dificuldad­es, alguém que era um barril de pólvora prestes a explodir”, disse o governador republican­o Greg Abbott.

Ele mencionou indícios de que Kelley sofria de distúrbios psiquiátri­cos e lembrou que seu pedido de permissão para portar armas no Estado do Texas havia sido negado.

DE SÃO PAULO

Pastor auxiliar da Primeira Igreja Batista de Sutherland Springs, Bryan Holcombe, 60, levou toda a sua família para o culto no domingo (5). Como o pastor principal não estava na cidade, caberia a ele fazer o sermão do dia.

Quando se preparava para subir ao púlpito, porém, um atirador invadiu o local. Bryan, sua mulher Karla, o filho Marc, a nora Crystal —que estava grávida de oito meses— e quatro netos morreram.

A criança que Crystal esperava também morreu. Um filho e dois netos que estavam na igreja sobreviver­am.

Assim, a família Holcombe foi uma das mais atingidas pelo ataque de Devin Kelley, 26, na cidade a 48 km de San Antonio, no Texas.

Ao menos 26 pessoas morreram e 20 ficaram feridas. Parte dos nomes das vítimas ainda não foi divulgado.

Joe Holcomb, 86, pai de Bryan, disse que foi informado sobre a morte do filho e reuniu amigos em casa para rezar, na vizinha Floresvill­e, enquanto ia recebendo notícia das outras mortes. “É claro que vai ser difícil”, disse Joe ao “Washington Post”. “Mas somos cristãos. Sabemos como acaba, e é bom.”

O pastor principal da igreja, Frank Pomeroy, não estava na cidade. Mas sua filha, Annabelle Pomeroy, 14, estava e também foi morta.

“O céu realmente ganhou um belo anjo essa manhã”, disse seu tio, Scott Pomeroy.

A família Ward perdeu três membros: Joan, 30, e os filhos Brooke, 5, e Emily, 7. Um terceiro filho, Ryland, levou quatro tiros e foi operado.

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Scott Olson/Getty Images/AFP Policiais recolhem flores às vítimas na entrada de igreja batista em Sutherland Springs

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