Arte vira ‘terapia’ para moradores de rua no Pará
“atenção às pessoas. Realizamos promoção à saúde. Falamos da questão do emprego, da questão econômica, alimentar, até sobre sofrimento psíquico e abuso de drogas. Fazer arte é produzir saúde nas comunidades
FOLHA, EM BELÉM
Dimerson Pinheiro de Castro, 38, está em Belém (PA) há 16 anos, depois de ter perdido o pai, a mãe e dois irmãos num acidente de van em São Miguel do Guamá, a 100 km da capital. Desde então, ele, que trabalhava em uma serraria, passou a ser morador de rua.
“Fui fraco, fui para a rua, me viciei em drogas e com isso permaneci na rua”, conta ele, cujo objetivo é conseguir um emprego para cuidar de seus dois filhos.
Ele era um dos presentes à roda de arte de rua realizada pelo coletivo Viramundo no centro de Belém. O grupo é composto por estudantes, médicos, professores, psicólogos e arte-educadores que, voluntariamente, usam atividades lúdicas para interagir com pessoas em situação de rua.
“Teatro, cuidado e educação”, resume o médico Bruno Passos, 25, que faz parte do grupo. Abuso de drogas, SUS, luta antimanicomial e exclusão social são alguns dos temas que surgem antes, durante e depois dos cortejos e cirandas realizadas.
Viramundo vem de Geraldo Viramundo, personagem de “O Grande Mentecapto” (1979), de Fernando Sabino. Na obra, ele vive a exclusão social vagando pelo interior de Minas até se tornar herói de uma revolução protagonizada pelos marginalizados. No romance, assim como na atuação do coletivo Viramundo, o Carnaval e a praça pública são protagonistas.
Criado como projeto de extensão da Universidade Federal do Pará ainda em 2014, o grupo realizava intervenções junto a moradores de rua e era um meio pelo qual estudantes da saúde encontravam temas para seus trabalhos de conclusão de curso.
“Havia consultas clínicas, conversas sobre cuidados para essa população”, diz Passos, se referindo, por exemplo,
BRUNO PASSOS, 25
médico e integrante do coletivo Viramundo