Folha de S.Paulo

Maria Valéria Rezende ganha Prêmio SP e aumenta ‘gorjeta’

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Sobre o incidente com o decano, o autor afirma ter ouvido o relato de dois colegas de faculdade de Belchior. “Eu não disse o nome do decano porque sabia exatamente que ele poderia negar”, diz.

Segundo Ângela, “todos os membros da família estão lendo o livro dele com muito carinho, pontuando esses erros e enviando-os para o Zizzi”. “Nosso objetivo é tirar o livro de circulação, estamos tomando as providênci­as”, diz.

“É um tipo de autoritari­smo, eu não acho isso bacana”, diz Medeiros. “Eles têm dito que só eles podem contar a história de Belchior; eles podem, eu só não acho que preciso bater o que eu apurei com o que eles apuraram.”

DE SÃO PAULO

A escritora paulista Maria Valéria Rezende diz acreditar que as mulheres não são tratadas com muito prestígio no meio literário, especialme­nte se forem brasileira­s.

“É como se fôssemos as cozinheira­s de um restaurant­e de luxo”, disse ela, bem-humorada, na Flip (Festa Literária Internacio­nal de Paraty), em agosto. “Sem elas, a comida não existe, mas elas só recebem a gorjeta das comandas. Só que as cozinheira­s podem controlar as comandas”, completou, rindo.

E as gorjetas dela estão aumentando. Com o romance “Outros Cantos” (Alfaguara) a escritora conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura.

Anunciado nesta segundafei­ra (6) na Biblioteca Parque Villa-Lobos, o prêmio rendeu R$ 200 mil e a participaç­ão na Feira Internacio­nal do Livro de Guadalajar­a, que começa no final deste mês.

“Outros Cantos” já havia sido contemplad­o com o Prêmio Casa de Las Américas na categoria de literatura brasileira, em janeiro, e com o terceiro lugar do Prêmio Jabuti de romance, no mês passado.

Para o júri do Prêmio São Paulo, o romance vencedor enfrenta “questões contemporâ­neas que revelam-se profundame­nte complexas”.

Maria Valéria Rezende nasceu em Santos, tornou-se freira e sempre se dedicou à educação popular. Desde 1986, vive em João Pessoa.

Aos 75 anos, a escritora sofreu um derrame na retina e mal enxerga com o olho esquerdo. Uma catarata progressiv­a ataca o olho direito.

Para conseguir escrever, ela utiliza um computador com uma grande tela, na qual letras brancas se sobrepõem a um fundo colorido.

Além dela, Franklin Carvalho e Maurício de Almeida também foram agraciados.

Carvalho venceu a categoria estreantes com mais de 40 anos com “Céus e Terra” (Record), e Almeida foi contemplad­o em estreantes com menos de 40 anos por “A Instrução da Noite” (Rocco). Eles vão receber R$ 100 mil cada um e também irão participar da Feira de Guadalajar­a.

O Prêmio São Paulo é realizado pelo governo do Estado desde 2008 e nesta edição contou com 201 livros participan­do da competição.

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Bruno Santos - 30.jul.2017/Folhapress Maria Valéria Rezende, vencedora do Prêmio São Paulo

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