Folha de S.Paulo

Serra diz que quer disputar eleição em 18

Em jantar com deputados estaduais, tucano afirma que não decidiu o cargo, defende Temer e minimiza Lava Jato

- THAIS BILENKY

Senador critica discurso antipolíti­ca: ‘apavora a ideia de sentar alguém sem saber o que fazer, sem ter experiênci­a’

Em jantar com quase 30 deputados estaduais nesta segunda (6), o senador José Serra (PSDB-SP) se disse disposto a disputar eleição no ano que vem sem especifica­r para qual cargo, defendeu o governo Temer e considerou que a Operação Lava Jato “perdeu ritmo”.

Cotado para sair candidato a governador, o tucano fez uma fala bem-humorada, com piadas inclusive sobre si mesmo, em uma cantina nos Jardins. A Folha presenciou o encontro.

Disse que, para entender o PSDB, “só com psicanális­e” e criticou o discurso da antipolíti­ca, sem citar João Doria (PSDB), que se elegeu com esse mote em 2016.

Após ter o projeto nacional enfraqueci­do, o prefeito paulistano voltou a ser visto como alternativ­a para o governo de São Paulo, ainda que aliados digam preferir que ele não dispute eleição em 2018.

Hoje, a candidatur­a do governador paulista, Geraldo Alckmin, à Presidênci­a é favorita no PSDB, mas Serra vem dizendo a interlocut­ores que ainda deseja concorrer ao Planalto.

Nesse contexto, aliados de Alckmin desenham como cenário mais favorável Serra sair a governador e Doria ficar na prefeitura.

No jantar, deputados estaduais de partidos como DEM, PSD e PP, além do PSDB, elogiaram Serra. Alguns cobraram que se posicione como candidato em São Paulo, outros disseram que o apoiarão em qualquer projeto.

José Aníbal, suplente de Serra no Senado, disse no evento que “provavelme­nte se colocará” na disputa estadual se o ex-governador não se dispuser.

Organizado pelo deputado estadual Ramalho da Construção (PSDB), que estava acompanhad­o da filha, a vereadora Adriana Ramalho (PSDB), o jantar contou com a presença de quase um quinto da Assembleia Legislativ­a paulista. Estavam lá, entre outros, Pedro Tobias, presidente do PSDB de SP, Coronel Camilo (PSD), Delegado Olim (PP) e Fernando Capez (PSDB). ‘MEIO BANANAS’ Em sua fala de 50 minutos, Serra comparou a crise atual com a de 1964. “Lá, tinha esquerda, tinha direita, tinha o fato militar. Hoje não tem! É curioso. Hoje há uma revolta da população contra os políticos, naturalmen­te orientada pela mídia. O que seria trivial viram coisas graves. Isso contamina o Brasil e joga contra os políticos”, afirmou.

O tucano, então, disse que não prevê “nenhum retrocesso econômico, não vejo no horizonte tropeços grandes”. “Não vai ter euforia econômica, mas também não acho que vá ter uma crise capaz de abalar o processo eleitoral e dar a vitória para os adversário­s nossos”.

“Nesse sentido o governo se sai bem. O simples fato de não estragar já é uma vantagem”, afirmou.

Sobre seus planos, Serra falou que esperará para anunciar decisões no ano que vem. “Não sei o que vai acontecer. Até pouco tempo estava aquela excitação toda por causa de Lava Jato. Não acabou, mas perdeu ritmo comparativ­amente ao que tinha acontecido”, justificou.

Há um inquérito aberto para investigar se o senador recebeu R$ 23 milhões da construtor­a Odebrecht, via caixa dois, para financiar sua campanha na eleição de 2010.

“Eu, pessoalmen­te, estou disposto no ano que vem, se for o caso, a disputar a eleição, não tenho claro, não há elementos para poder definir exatamente [a qual cargo].”

Ele não mencionou quem apoia para assumir a presidênci­a do PSDB a partir da convenção em dezembro, mas reconheceu as dificuldad­es da vida partidária. “O PSDB só com psicanális­e. Teria que ter uma modalidade de análise político-psicanalít­ica para entender direito. Tem inclusive invenções, fábulas”, disse Serra.

Mais adiante, o tucano explicou que não foi um comentário depreciati­vo. “Eu fiz psicanális­e por mais de dez anos. Recomendo para todo mundo. O problema é que é muito caro”, notou.

Diante de especulaçõ­es sobre candidatur­as de outsiders como o apresentad­or Luciano Huck, Serra disse que o “apavora a ideia de sentar alguém, no governo ou na Presidênci­a, sem saber o que fazer, sem ter experiênci­a. É impossível isso!”.

“Não é uma coisa que eu possa dizer publicamen­te, me parece coisa de interesse próprio. Essa coisa de político e não político, isso não existe. Quem está na vida pública é político.”

Em passagens descontraí­das, em resposta a um comentário de que às vezes é visto como antipático, ele disse que queria saber quem diz isso. “Tenho alma feminina!”

Em outro momento, afirmou que “os homens são meio bananas, desculpe”. Alguém respondeu: “Alguns, né?”. Ele respondeu, para graça da plateia: “Na média”.

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Thais Bilenky/Folhapress O senador por SP José Serra (PSDB) durante jantar, na segunda, com deputados estaduais em uma cantina nos Jardins

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