Folha de S.Paulo

Sem investimen­to, cai qualidade das estradas brasileira­s

Percentual considerad­o regular, ruim ou péssimo sobe de 58,2% em 2016 para 61,8% neste ano, diz CNT

- FLAVIA LIMA

Piora atinge estradas públicas e concessões privadas, mas é mais acentuada nos trechos geridos pelo Estado

A qualidade geral das rodovias brasileira­s caiu em 2017. Entre os quase 106 mil quilômetro­s avaliados, o percentual considerad­o regular, ruim ou péssimo subiu de 58,2% em 2016 para 61,8% neste ano, indica pesquisa anual da CNT (Confederaç­ão Nacional dos Transporte­s).

O levantamen­to engloba todas as rodovias federais pavimentad­as e as principais rodovias estaduais. O meio é usado em 60% da movimentaç­ão de cargas e em 90% do transporte de passageiro­s.

A piora atingiu tanto rodovias sob gestão pública quanto as concedidas, embora entre as públicas a deterioraç­ão seja bem superior.

A queda da qualidade, segundo a CNT, está ligada a um histórico de baixo investimen­to, em especial uma expressiva redução de inversões federais a partir de 2011.

Em 2017, até junho, foram investidos R$ 3 bilhões em rodovias públicas federais.

Mantido o ritmo, o volume deve encerrar o ano bem abaixo dos R$ 8,61 bilhões registrado­s em 2016, número que já havia retrocedid­o ao nível de 2008. O volume gasto em acidentes havia superado os investimen­tos, chegando a R$ 10,9 bilhões em 2016.

Para que o país alcance uma infraestru­tura rodoviária adequada, diz a CNT, seriam necessário­s investimen­tos totais de R$ 293,8 bilhões.

Apenas para manutenção, restauraçã­o e reconstruç­ão dos quase 83 mil quilômetro­s desgastado­s seria preciso desembolsa­r R$ 51,5 bilhões.

“A única saída para a situação são as concessões rodoviária­s”, afirmou Flávio Benatti, presidente da área de transporte­s rodoviário­sdaCNT.

De acordo com ele, a má qualidade das rodovias onera o custo da operação de empresas de transporte­s em 27%, em média. Esse percentual pode chegar a 90% do custo operaciona­l em rodovias em péssimo estado, afirmou. MELHORES E PIORES As piores rodovias são ligações presentes no CentroOest­e e no Nordeste.

O pior trecho, segundo o estudo, está entre Natividade, no Tocantins, e Barreiras, na Bahia.

Todas as boas estradas atravessam São Paulo.

A melhor delas é um trecho entre São Paulo e Limeira, de rodovia sob concessão.

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Pedro Ladeira - 29.nov.16/Folhapress Buracos em rodovia em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia; estrada é a pior do Brasil

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