Folha de S.Paulo

As empresas deverão ou não ofertar o que está autorizado no mercado.

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Mas não dependeria de nova regulação da ANS para evitar risco ao consumidor?

A ANS já disse o que está dentro da regulação. Seria adequado fazer regulação própria? Eventualme­nte. Mas isso não está em voga agora. Mas não há risco de fazer um usuário de plano de saúde trocar por um menor e ter essa sobrecarga?

Há. Mas também há risco de fazer muita gente que não paga nada entrar em planos menores e contribuír­em para o sistema. A conta de arrecadaçã­o só pode aumentar.

Clínica popular: é ruim ou bom para o SUS? É ótimo. Primeiro porque saiu da fila para a consulta. Segundo, porque se o médico da clínica popular identifica­r que ele tem uma doença, ele vai chegar mais rápido para tratarmos. Quanto custa uma consulta popular? De R$ 80 a 120. Com esse valor ele pode pagar um plano popular e ter uma cobertura. O sr. está fazendo reformulaç­ão em vários programas do ministério, como o Farmácia Popular. Há outros que pretende rever?

Todos. Lipoaspira­ção é palavra de ordem. Tem que enxugar a gordura de tudo. Estamos fazendo análise de procedimen­tos, protocolos, portarias que estamos pagando e os hospitais não estão produzindo o que está pactuado. Eu pactuo um número de cirurgias, ele não faz e continua recebendo. Tenho protocolos que dizem que uma internação de hérnia é três dias.

Mas eventualme­nte pode fazer uma hérnia em um dia ou dois. Hoje, se o cara não ficar três dias internado, o hospital não recebe nada pela hérnia. Queremos flexibiliz­ar porque não tem sentido. Fico ocupando um leito três dias com uma pessoa que poderia ter saído e dado lugar a outro. O que deve mudar nessa parte de protocolos?

Vamos liberar esse negócio de no mínimo dois ou três dias de internação para que as novas tecnologia­s possam ser aplicadas em benefício do prestador de serviço. A pessoa não precisa ficar três dias forçosamen­te no hospital sem necessidad­e porque a regra Há uma meta de fechamento de leitos?

Não estou pensando em fechar leitos. Estou falando que, se tirar e pegar três hospitais de 30 leitos e fazer um de 100, está fazendo um grande negócio para a saúde, porque tem escala, tem segurança, tem mais resolutivi­dade e capacidade. Se a pessoa complicar, tem UTI. O que precisamos é concentrar em serviços com resolutivi­dade.

Os hospitais de pequeno porte são caros porque fazem poucos procedimen­tos e são arriscados porque não têm recursos. Com 1.500 hospitais de 100 leitos, resolvería­mos o problema. Mas uma parte não pode ser de 30 leitos? Pode. Então triplica. Temos taxa de ocupação de leitos que é muito baixa, abaixo de 40%. Isso só já denota excesso de oferta. O sr. é um dos poucos que não defende um aumento de recursos para a saúde, enquanto todos apontam subfinanci­amento. Mantém essa visão?

Não pediremos mais recursos para a saúde até termos certeza de que o que temos está bem gasto. E eu posso garantir que está mal gasto.

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