Professor titular da USP e pianista diletante
O pai de Arno tinha motivos para se preocupar, e ao menos dois deles traçaram o caminho do filho.
O primeiro não era exclusividade sua: a conjuntura dos anos 1930 não era alvissareira para uma família judia em Berlim. Foram para a França, mas a Europa era pequena demais para a infecção que a atacava. Arno tinha só dez anos quando embarcou para o Brasil, seu terceiro —e último— endereço.
O segundo receio também tinha a ver com a sobrevivência do filho, mas não era inquestionável —e, talvez por isso, seu efeito não foi direto.
Arno tinha talento musical e queria ser pianista, mas a ordem paterna era escolher uma carreira tradicional. Medicina lhe parecia a menos pior, e entrou na USP em 1952.
A vocação, prática ao piano, logo se revelou teórica fora da música. Arno então se matriculou em filosofia, com o objetivo de conciliar os estudos nas duas faculdades.
Uma disciplina que só depois tornou-se autônoma direcionou-o definitivamente: foi precursor do Instituto de Psicologia da USP, engatou uma sólida trajetória como pesquisador e tornou-se professor titular da casa —destacou-se nos campos da psicologia social e experimental.
Dando aulas, conheceu Lucy, sua mulher por mais de 50 anos. Era reservado, mas afetivo. “Ele gostava muito das pessoas, de ouvir os outros. Tinha um sorriso que encorajava a falar”, lembra ela.
Viajavam sempre que podiam —Paris era o destino favorito— e, aos sábados, assistiam a concertos na Osesp.
Morreu no último dia 3, aos 85, após um mal súbito. Deixa Lucy, familiares e amigos. coluna.obituario@grupofolha.com.br de Santana, r. Nova dos
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