Folha de S.Paulo

Consultora vê esforço do setor para investir em conteúdo local

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MinC diz que Netflix projeta produzir até dez séries brasileira­s ao ano

DE SÃO PAULO

Para a advogada e consultora Rosana Alcântara, diretora até fevereiro da Ancine, agência que regula a indústria audiovisua­l, as novas apostas de Globo e Netflix refletem o “momento de movimentaç­ão no debate sobre vídeo por demanda”.

De um lado, o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, concentra esforços na adoção, por serviços como Netflix, do imposto já cobrado da TV paga (Condecine). Ele, porém, abandonou as cotas de conteúdo nacional, que a TV paga tem que cumprir.

Sá Leitão acredita que a regulação excessiva poderia constrange­r o desenvolvi­mento do setor no Brasil.

De outro lado, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) apresentou há duas semanas um projeto de lei que estabelece não só contribuiç­ão e cotas mas esboça um marco regulatóri­o para os “provedores de conteúdo audiovisua­l por demanda (CAvD)”.

Teixeira foi um dos autores da Lei da TV Paga, de 2011, que coincidiu com o boom na produção audiovisua­l.

Para Rosana Alcântara, tanto Globo como Netflix vêm atuando “no sentido de fortalecer e ampliar o investimen­to em produção nacional”, paralelame­nte ao polarizado debate político.

No caso da “joint venture” entre a Globo e a Globosat, trata-se de uma “ampliação” da estratégia, para aproveitar não só o “forte conteúdo próprio” mas também os “contratos fortes com Universal, Playboy e outros”.

E é uma sinalizaçã­o para concorrent­es como Netflix, Amazon Prime Video e “a própria Apple, que está estudando entrada no país”, de que no mercado local “as empresas nacionais têm mais tradição e oferta”.

No caso da Netflix, a consultora sublinha que o próprio ministro foi, no último dia 1º, à sede da empresa, na Califórnia. Segundo o MinC, Sá Leitão ouviu que a meta da Netflix é produzir dez séries brasileira­s por ano.

“O Brasil é um grande mercado e estamos empolgados em aportar investimen­tos”, teria dito Ted Sarandos, diretor de Conteúdo. “Nosso plano não é levar Hollywood ao mundo, mas levar bom conteúdo de todo o mundo para os usuários. Nesse aspecto, o Brasil é fundamenta­l.”

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