Ex-assessor confessa pela primeira vez propina a ex-governador
DO RIO
Principal auxiliar do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), de acordo com o Ministério Público Federal, o economista Carlos Emanuel Miranda confessou em depoimento nesta quarta-feira (8) que gerenciava propina paga ao peemedebista por fornecedores do Estado.
É a primeira vez que ele de fato depõe em processo da Operação Lava Jato —nas outras seis oportunidades, permaneceu em silêncio.
Miranda depôs em ação penal em que é acusado por desvios no setor de saúde. Ele afirma ter ouvido de Cabral que o ex-secretário Sérgio Côrtes (Saúde) organizaria as vantagens.
“Fui informado pelo Sérgio Cabral que o Sérgio Côrtes iria organizar umas compras [no setor de saúde] e que dessas compras existiria um pagamento de propina”, disse Miranda no depoimento.
Côrtes afirmou que recebeu recursos, mas sem vínculos com seus atos no cargo. Cabral diz que os valores se referiam a caixa dois de campanha eleitoral, do qual ele reconhece ter usado para gastos pessoais.
O ex-assessor de Cabral, no entanto, negou a principal tese de defesa do peeme- debista. “Não [era contribuição para campanha política]. Eventualmente alguns valores foram gastos em campanha, mas não era contribuição para campanha”, declarou ele.
Miranda é apontado pelas investigações como o principal responsável por gerenciar o recolhimento do dinheiro com fornecedores do Estado. Ele afirmou que tinha “encontros regulares” com Cabral para discutir o gerenciamento dos recursos.
O ex-assessor decidiu adotar a mesma estratégia de defesa de um dos principais recolhedores dos recursos a partir de 2011, Luiz Carlos Bezer- ra. Este já havia confessado os crimes em processos anteriores e conseguiu redução de pena nas condenações.
Até 2010, Miranda gerenciava e recolhia o dinheiro, segunda as investigações. Ele afirmou que deixou a função de buscar os recuros em razão de “rumores de que meu nome havia sido citado na Operação Castelo de Areia”.
“Sérgio Cabral e Wilson Carlos me pediram para me afastar do recolhimento de dinheiro e colocar o Bezerra. Mas continuei gerenciando os recursos”, disse Miranda.
O ex-assessor, assim como Cabral, já foi condenado em três processos. Ele soma