Folha de S.Paulo

Setor de máquina para construção deverá ter pior ano desde 2007

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A Caixa liberou R$ 227 milhões adicionais para a conclusão de obras do programa MCMV (Minha Casa Minha Vida) desde agosto de 2016, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.

Foi nesse mês em que o banco começou a contabiliz­ar a destinação de verba extra do FAR (Fundo de Arrendamen­to Residencia­l) para os empreendim­entos.

Se não tivesse sido usado de forma complement­ar, o montante poderia ser destinado a novas contrataçõ­es. É o FAR que financia imóveis da faixa um, de baixa renda.

O objetivo do governo é contratar cem mil unidades nessa categoria até o fim do ano. Após o anúncio de 54 mil imóveis na última segunda (6) pelo Ministério das Cidades, ainda restam cerca de 8 mil para a meta ser cumprida.

Procurada, a Caixa não respondeu perguntas. Disse apenas que é necessário usar recursos do fundo quando o contrato com construtor­as são rescindido­s ou quando há imprevisto­s, que independem da empresa envolvida.

Um dos motivos que levam à suplementa­ção são danos causados em caso de invasão, afirma Ronaldo Cury, diretor da construtor­a homônima e vice-presidente do Sinduscon-SP (sindicato do setor).

Mesmo com a suplementa­ção do fundo, uma parte do prejuízo costuma ser pago pelas empresas, afirma Rodrigo Luna, vice-presidente do Secovi-SP e sócio-fundador da Plano & Plano.

“É um problema que afeta a todos, e como é a Caixa que administra os recursos, quem também paga é o cidadão cadastrado no programa que precisa de habitação e sofre com os atrasos.”

A venda doméstica de equipament­os usados na construção e na mineração, como escavadeir­as, deverá encerrar 2017 com uma queda de 9% no acumulado do ano, segundo a Sobratema (do setor).

Será a quarta retração anual consecutiv­a de máquinas da chamada linha amarela, segundo Eurimilson Daniel, vice-presidente da entidade.

“O mercado recuou mais de dez anos. Em 2007, as vendas somavam quase 11 mil equipament­os. A expectativ­a é que 2017 seja o rescaldo da crise, e que, no ano que vem, tenhamos cresciment­o, estimado em 8%”, diz ele.

“Uma conjunção de fatores [causou a crise prolongada no setor]. Os juros ficaram altos e os bancos deixaram de financiar. Os donos das máquinas as colocaram à venda, o que rebaixou muito os preços de seminovos.”

A unidade de equipament­os para construção da Case projeta uma retração de 10% neste ano, mas os resultados no segundo semestre já demonstram melhora, afirma Carlos França, à frente da divisão no país.

“A nossa previsão é de cresciment­o de 5% a 10% em 2018, alinhada à do setor.”

Para mitigar os prejuízos do mercado interno, a Case aumentou o número de países que recebem os produtos produzidos no Brasil e passou a exportar para Rússia, Índia, Tailândia e Austrália.

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