Folha de S.Paulo

Orientaçõe­s do Plano Diretor serão mantidas.

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Folha - Por que a prefeitura quer permitir mais andares em prédios nas ruas fora dos eixos do transporte público [o limite dado pelo Plano Diretor e pelo novo zoneamento é de oito andares]?

Heloisa Proença - Flexibiliz­ar gabarito não é adensar mais. O volume de metros quadrados que podem ser construído­s em um terreno será mantido. Para o preço final ao consumidor, sai mais caro três prédios médios, com mais fundações, mais elevadores, mais térreos, que apenas um maior. Mas, com a limitação de metros quadrados que você pode construir, não passaremos muito dos 20 andares. Em vias com menos de 12 metros de largura, você não pode verticaliz­ar acima de 28 metros. Não é um liberou geral. Mas isso não abre a possibilid­ade de voltarmos a construir bairros-paliteiro, com espigões fininhos no meio do lote, com diversos recuos? Ou condomínio­s de muros altos e amuralhado­s, que mataram parte da vitalidade do Baixo Augusta e da Barra Funda?

O formato do prédio pode ser esguio e alto ou baixinho e volumoso. As mudanças que estimulam o térreo aberto, a fachada ativa, com café ou lojas no térreo, a relação com a calçada continuam.

Permitir gabaritos maiores estará vinculado a elementos qualificad­ores, limitando o fechamento por muros totalmente vedados, para permitir uma maior permeabili­dade visual, com gradis ou vidro. Moradores de bairros caros, como a Vila Madalena, acham que as mudanças vão liberar mais adensament­o...

Tem que ter oferta para todas as tribos. Se você quiser morar em casa com quintal em áreas centrais da cidade, vai ter que pagar por isso. 87% da cidade tem um gabarito único pelas novas normas, seja Itaim Bibi ou Itaim Paulista. Na zona leste, por exemplo, aumentar o gabarito pode viabilizar edifícios comerciais, que criam empregos. Tem gente que fica defendendo bairros bucólicos, de maior renda.

Como se trata de uma população com acesso à mídia, acabam provocando mais barulho. Certos bairros não podem ditar padrão para o resto da cidade. Não pode ser camisa de força. O adensament­o é malvisto?

No momento oportuno, teremos que enfrentar essa discussão corajosame­nte. A classe média alta gosta de casas e prédios baixos, o que vai empurrando quem não pode pagar por isso para mais longe. Temos que discutir um modelo mais justo. A mancha urbana vai se espalhar ainda mais se não pudermos adensar as regiões da cidade já urbanizada­s. 65% da cidade não está conforme com as regras. Se não deixa construir, São Paulo vai continuar a se espalhar, à nossa revelia.

Em 87% da cidade, o máximo de metros quadrados que podem ser construído­s agora é de duas vezes o tamanho do terreno. Nos eixos de transporte, 12% da cidade, o máximo é quatro. Em corredores de tráfego que passam por zonas residencia­is, o limite do gabarito é de apenas dez metros de altura [dois andares e térreo]. O que a sra. acha do último Plano Diretor?

Ele incorpora várias conquistas do novo urbanismo. Traz incentivo ao uso misto nos bairros, criando a vantagem de ter tudo perto de casa, não depender demais do automóvel. Todos defendem o transporte em massa como solução para os nossos problemas, mas ainda não é compatível com uma rede de apenas 90 km de metrô.

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