Folha de S.Paulo

De dois a três anos, até o setor imobiliári­o sair da crise.

- PAULO SALDAÑA

Plano Diretor de 2014, a outorga representa­va 38% do valor do metro quadrado. Depois dele, passou para 93%. Estamos propondo um desconto temporário para aumentar a arrecadaçã­o, cobrando menos por unidade. Se a Câmara aprovar, o desconto será de 50% nas áreas com menor potencial construtiv­o [duas vezes o tamanho do terreno], e de 25% onde pode se adensar mais [até quatro vezes]. Por quanto tempo seria dado esse desconto? O projeto apresentad­o por Jaime Lerner a Doria vai ser realizado?

Não é um projeto com plantas, obras definidas, nem um perímetro desenhado. Tem grandes diretrizes. Temos que saber quem paga. Muita coisa teria que ser aprovada na Câmara. Lerner sugere maior adensament­o nos eixos com transporte público, permitindo a construção de seis a oito vezes a área do lote.

Ele também fala de um transporte leve. Será VLT ou bonde? Chinês ou espanhol? Quem financiari­a? O projeto está aqui na secretaria. É hora de descer à Terra, ver o que é factível. Depois de diversas promessas para o centro, ainda é caro e lento adaptar prédios antigos. O que pode mudar?

Acabamos de fazer uma pesquisa entre os proprietár­ios de imóveis sem uso que foram notificado­s por não respeitare­m a função social da propriedad­e. Apenas 1% atribuem à crise econômica e 9,5% a inventário, massa falida. 52% culparam a impossibil­idade de adequar os imóveis às normas edilícias ou de uso de solo.

Vamos lançar uma série de incentivos para retrofit [reformas e adaptações em imóveis antigos]. Não dá para tratar como se fosse obra nova. Nem sempre vão atender a largura da calçada, cota ambiental ou vagas mínimas de garagem, porque são de outra época.

Desde que mantida a volumetria, pode-se acrescenta­r andar no interior ou mudar a repartição interna.

Não podemos desperdiça­r um parque imobiliári­o assim. Mediante o pagamento de outorga onerosa, dá para dispensar algumas exigências. Em todo o início de mandato os prefeitos paulistano­s engavetam grandes projetos da gestão anterior. Por que o Arco do Tietê e o do Tamanduate­í foram deixados de lado?

O projeto do Arco do Tamanduate­í continua na Câmara. O do Tietê foi retirado da Câmara, vai ser reexaminad­o. Ele cobre uma área grande demais, maior que Manhattan. É prerrogati­va do Executivo reavaliar e reencaminh­ar depois para o Legislativ­o, como prevê o Plano Diretor. O mercado hoje não teria fôlego. Mas a sua gestão acabou de apresentar a Operação Arco Jurubatuba, que expande a cidade para onde falta transporte público.

É o que o Plano Diretor estipulou. Aquela região já está se desenvolve­ndo, próxima aos mananciais. Se não tiver diretrizes, cresce do mesmo jeito.

DE SÃO PAULO

Reivindica­ções de amplas mudanças na Base Nacional Comum Curricular podem exigir uma extensa revisão no texto atual do documento — possibilid­ade que não estava nos planos do Ministério da Educação, ligado à gestão Michel Temer (PMDB).

O CNE (Conselho Nacional de Educação) divulgou na noite de terça-feira (7) uma lista de 234 documentos com críticas e propostas ao texto.

Uma terceira versão da base —que seria a definitiva— está desde abril em discussão no conselho, que realizou audiências públicas e esteve aberto a colaboraçõ­es. A maioria dos textos foi recebida em audiências. Também há registro de 283 manifestaç­ões orais.

Cabe ao CNE produzir uma resolução sobre a base e submeter ao Ministério da Educação para homologaçã­o.

Mas, enquanto parte dos conselheir­os espera maiores alterações, com correção de falhas, a gestão Temer, de olho no calendário eleitoral, não quer atrasar esse processo. Para isso, conta com a atuação de membros do CNE — hoje dividido nessa questão.

O próprio ministro Mendonça Filho (DEM-PE) é cotado para ser candidato nas próximas eleições. Caso isso ocorra, deve sair do cargo até abril. Um novo prazo poderia ainda atrapalhar a mensagem de “legado” da equipe do MEC e de Temer. PARADO Sem a conclusão dessa parte da base —que vai da educação infantil ao ensino fundamenta­l—, o texto do ensino médio também fica parado. E, dessa forma, a reforma da eta-

O plenário do Senado aprovou nesta quarta (8) a medida provisória do novo Fies, o programa federal de financiame­nto estudantil para o ensino superior.

Pelo texto aprovado na Câmara e no Senado, os estudantes com contratos em atraso poderão renegociar seus débitos. Como os senadores não alteraram o texto, a medida segue agora para sanção do presidente Michel Temer (PMDB).

Uma das mudanças que os senadores aprovaram no Fies é que não haverá mais carência de 18 meses para que o estudante comece a pagar o financiame­nto após a conclusão de seu curso. O fim dessa previsão foi criticado por senadores do PT, como Lindbergh Farias (RJ).

A relatora do projeto, senadora Lúcia Vânia (PSBGO), minimizou as críticas ao texto e disse que apesar do fim do prazo o pagamento só terá início quando o estudante conseguir seu primeiro emprego. pa, bandeira dessa gestão.

O prazo para implementa­ção dessa reforma só começa após a aprovação da base do ensino médio. Essa parte foi fatiada exatamente para que, antes, se aprovasse no Congresso uma medida provisória sobre a reformulaç­ão —o que se deu em fevereiro.

A base vai prever o que escolas públicas devem ensinar a cada ano da educação básica. A norma deve orientar a elaboração de currículos e a produção de livros didáticos.

Após o MEC apresentar a primeira versão, em 2015, houve uma consulta pública na internet. A pasta sistematiz­ou as indicações e recebeu críticas de especialis­tas para a segunda e terceira versões. Desta última é que foi retirada a parte do ensino médio.

O ministério tem mantido o discurso de que a análise

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