Folha de S.Paulo

Advogados da defesa de Napout e de Manuel Burga,

- SILAS MARTÍ

DE NOVA YORK

Um pedido dos advogados de José Maria Marin, ex-presidente da CBF que está sendo julgado por extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro, detonou um intenso debate entre a acusação, a defesa e a juíza numa corte do Brooklyn, em Nova York.

James Mitchell, da firma Ballard Spahr, que representa Marin nos Estados Unidos, insistiu em poder levar em consideraç­ão pontos das leis de outros países ao questionar as testemunha­s do caso.

Outros cartolas e dirigentes acusados de corrupção no escândalo da Fifa, entre eles Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, atual líder da confederaç­ão, já usaram em suas defesas a tese de que em seus países alguns dos atos pelos quais são acusados não seriam considerad­os crimes.

Os promotores, que representa­m o governo americano no caso, argumentar­am, no entanto, que não está em discussão o conhecimen­to das testemunha­s sobre leis estrangeir­as. A acusação avalia que não interessa se os depoentes imaginavam ou não que o comportame­nto dos réus violava regras em seus países.

Pamela Chen, a juíza do caso, concordou com os promotores, afirmando que a base para a acusação de recebiment­o de propina em negociaçõe­s de contratos são supostas violações do código de ética e das regras da Fifa, não das leis de países específico­s.

“Isso é especulati­vo e só confundiri­a o júri, fazendo com que talvez não respeitem a lei”, disse Chen. “Eles não podem basear sua interpreta­ção em nada que não seja o código de conduta da Fifa.”

Ela acrescento­u ainda que caso discussões sobre leis estrangeir­as fossem figurar no processo era preciso avisar a acusação com antecedênc­ia.

O advogado da defesa do paraguaio Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol e ex-vice-presidente da Fifa, que está sendo julgado com Marin, também defendeu usar leis de outros países como parte da estratégia.

A acusação, no entanto, atacou a ideia dizendo que seria como “comparar maçãs com laranjas” e que poderia haver “risco real de enviesamen­to” dos jurados.

Doze pessoas e seis suplentes serão escolhidos até o fim da semana para compor o júri. A acusação e a defesa podem barrar candidatos que julguem ter algum viés. Seus nomes serão mantidos em segredo. LIBERDADE

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