Folha de S.Paulo

O PSDB rumo ao precipício

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BRASÍLIA - O PSDB deu mais um passo na direção do precipício. O dedaço de Aécio Neves radicalizo­u o processo de autofagia do partido. Agora os tucanos correm o risco de enfrentar um cisma a menos de um ano das eleições presidenci­ais.

Com o filme queimado pela Lava Jato, o senador mineiro foi para o tudo ou nada ao destituir Tasso Jereissati do comando provisório da sigla. A intervençã­o implodiu as pontes que restavam entre a ala governista e o grupo que defende o rompimento com o Planalto.

Há poucos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avisou que o PSDB precisava se decidir: ou deixava o governo ou assumia de vez o papel de coadjuvant­e em 2018. Os aecistas parecem ter escolhido a segunda opção. Preferiram continuar agarrados a seus quatro ministério­s.

O clima agora é de guerra fratricida. Os aliados de Tasso definem sua degola como um “golpe” articulado com Michel Temer. “Foi um ato covarde, violento e indigno. Aécio mostrou que não tem limites para alcançar seus objetivos espúrios”, ataca o senador Ricardo Ferraço. “Já estávamos passando por um desgaste brutal. Agora estamos vendo o PSDB cometer um harakiri”, acrescenta.

O senador Cássio Cunha Lima, que também defendia a permanênci­a de Tasso, reforça a metáfora do suicídio partidário. “Se deixarmos que o governo interfira na nossa eleição interna, será o fim do PSDB”, afirma.

Depois de perder quatro eleições presidenci­ais, os tucanos pareciam ter caminho aberto para voltar ao poder em 2018. Em vez de aproveitar o vento a favor, o partido se enroscou na impopulari­dade de Temer e nos rolos de Aécio com a polícia. Perdeu espaço para Jair Bolsonaro e outros aspirantes ao papel de Anti-Lula.

Hoje os dois presidenci­áveis do PSDB não conseguem ultrapassa­r os 8% das intenções de voto. O encontro com as urnas pode ficar ainda mais ingrato. Basta que a convenção da sigla, no mês que vem, termine com a debandada dos derrotados.

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