Folha de S.Paulo

Virada Política usa até ioga em evento que vai ‘além da eleição’

- JOELMIR TAVARES

Tem desde aula que vai abordar a política pela ótica da ioga (usando princípios éticos da prática como “não violência” e “purificaçã­o”) até um debate com movimentos que estimulam candidatur­as de novatos na eleição de 2018.

Em sua quarta edição, a Virada Política —painel que reúne grupos independen­tes para discutir inovações e buscar aproximar cidadãos da vida pública— ocupa a Câmara Municipal de São Paulo neste sábado (11) e segue no domingo (12) numa rua de Pinheiros (zona oeste), em mais de 20 horas de programaçã­o.

“É uma tentativa de mostrar a política além da eleição”, diz o cientista social Ricardo Borges Martins, 30. Um dos idealizado­res da Virada, que começou como um encontro no largo da Batata (zona oeste) envolvendo 40 iniciativa­s da sociedade, Martins associa a atmosfera de crise na política tradiciona­l à proliferaç­ão de movimentos.

Da edição paulistana deste ano participam 170 grupos — dos quais 83 se inscrevera­m, ante cerca de 30 em 2014. Os demais foram localizado­s e convidados pelo evento. Cresceu o interesse de grupos que trabalham temas como feminismo, igualdade racial e direitos nas periferias, notaram os responsáve­is pela seleção.

O financiame­nto veio de uma vaquinha virtual que arrecadou quase R$ 28 mil e dos R$ 10 mil obtidos com cursos oferecidos ao longo do ano. O evento também se expandiu em 2017, com versões em outras 11 cidades, como Rio, Brasília, Recife e Campinas.

Em São Paulo, um grupo de 15 voluntário­s na faixa de 25 a 35 anos está na linha de frente da Virada, que funciona em Pinheiros no que chamam de “vila ativista”, ao lado de organizaçõ­es como Catarse e Pimp My Carroça.

“É impossível conhecer esses 170 movimentos e ser pessimista”, diz Juliana Dal Pino, 30, uma das organizado­ras, ecoando o pensamento interno de que o evento ajuda a estimular iniciativa­s que passam ao largo da polarizaçã­o política no país e da “gritaria das redes sociais”.

“Existir direita e esquerda faz parte do jogo e é legítimo, mas elas têm que conviver de maneira respeitosa”, diz Borges. Segundo ele, a Virada é supraparti­dária, mas não abre mão da democracia e dos direitos humanos. ‘FLERTAÇO’ “O que a gente faz”, completa a jornalista Karolina Bergamo, 24, “é garimpar frentes que estão trabalhand­o temas que consideram­os importante­s e colocar os diferentes para conversare­m”.

Nessa toada, um dos eventos da programaçã­o (que é gratuita e chega a ter nove atividades simultânea­s) será o “Flertaço”, um experiment­o para colocar frente a frente vereadores da capital e cidadãos. No olho a olho, eleitores poderão questionar os políticos e ouvi-los. Os 55 vereadores foram convidados e, até esta quinta-feira (9), oito tinham confirmado presença.

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Virada Política/Divulgação Participan­tes da Virada Política em SP em 2016; edição deste ano ocorre no fim de semana

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