Folha de S.Paulo

Nova Previdênci­a será enxuta, diz Meirelles

- ANGELA BOLDRINI LAÍS ALEGRETTI FLAVIA LIMA MAELI PRADO

DE BRASÍLIA

Após reunião com o presidente Michel Temer e parlamenta­res aliados ao governo, o relator da reforma da Previdênci­a, Arthur Maia (PPSBA), disse que apresentar­á uma nova proposta que mantenha o tempo mínimo de contribuiç­ão em 15 anos.

O relatório da reforma que foi aprovado em uma comissão especial do Congresso e aguarda para ser votado na Câmara previa que fosse aumentado o tempo mínimo de contribuiç­ão para 25 anos.

A elevação prejudicar­ia principalm­ente as pessoas mais pobres, que têm mais dificuldad­e de encontrar empregos formais e, assim, contribuir com a Previdênci­a.

Segundo o relator, será mantida a regra aprovada na comissão que prevê que quem quiser se aposentar por tempo de contribuiç­ão terá de obedecer a uma idade mínima que chegará a 62 anos para mulheres e 65 para homens. As idades começarão em 53 (mulher) e 55 (homem) e subirão um ano a cada dois anos, a partir de 2020.

A idade mínima, por sua vez, afeta mais os trabalhado­res com renda maior. Esses têm utilizado a regra atual, que permite a aposentado­ria após 30 anos de contribuiç­ão (mulher) e 35 anos (homem). Nessa categoria, não há a exigência de idade mínima.

Pessoas de menor renda costumam se aposentar com 15 anos de contribuiç­ão e idade mínima de 65 anos (homem) e 60 anos (mulher).

Maia disse que outro ponto importante que vai mudar na reforma é a retirada de menção à aposentado­ria de trabalhado­res rurais. Segundo ele, o texto não deve mexer também nas regras do Benefício de Prestação Continuada, recebido por pessoas deficiente­s e idosos de baixa renda.

De acordo com Maia, a nova proposta deve incluir um dispositiv­o para que a DRU (Desvincula­ção de Receitas da União) não atinja as receitas da Seguridade Social.

Integrante­s do governo que participam das discussões argumentam que a medida não tem impacto fiscal, mas ajuda a enfrentar o discurso da oposição.

Apesar de o relator e o governo continuare­m a dizer que o ideal é fazer o mínimo de alteração possível no relatório que saiu da comissão, a expectativ­a é que novas mudanças ocorram no texto.

O Planalto armou uma força-tarefa para salvar a reforma após Temer declarar na segunda (6) que as mudanças poderiam não ocorrer em seu governo. No dia seguinte, a Bolsa caiu 2,55%.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quinta-feira (9) que a reforma da Previdênci­a será mais enxuta, mas afirmou que a redução da proposta não pode ser superior a 50% do previsto originalme­nte.

O texto enviado pela equipe econômica ao Congresso no ano passado previa economia de cerca de R$ 800 bilhões. O relatório aprovado em comissão especial, que está sendo rediscutid­o, foi desidratad­o e já representa­va 75% da proposta inicial.

Ele declarou ainda que, nas negociaçõe­s, o governo não abrirá mão da idade mínima, do período de transição e da equiparaçã­o do setor público e do privado. Meirelles disse que esses três pontos não garantiria­m os mais de 50% almejados.

“A unificação dos sistemas é muito importante. Isso é a base. Mas tem uma série de outros pontos, como tempo de contribuiç­ão, que estamos discutindo”, afirmou.

Segundo ele, a redução de 25 para 15 anos do tempo mínimo de contribuiç­ão tem custos e precisa ser compensada em outros pontos da própria reforma, como revisão de isenções e subsídios.

Meirelles disse que governo e aliados chegaram a um acordo para votar a reforma na Câmara ainda neste ano.

Mais cedo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), disse que o clima para aprovar a reforma é difícil e que só colocará a proposta em votação quando tiver certeza de vitória. São necessário­s 308 dos 513 votos na Casa, em duas votações. Depois o texto vai para o Senado. Regra de transição Quem queria se aposentar por tempo de contribuiç­ão, terá que respeitar a idade mínima. Na transição, elas começarão em 53 (mulher) e 55 (homem) e subirão um ano a cada dois anos, a partir de 2020 Benefício assistenci­al O texto-base aprovado pela comissão aumentava de 65 para 68 a idade mínima para idosos (o governo queria 70). Agora, a mudança será totalmente retirada da proposta

 ?? Tom Vieira Freitas /Fotoarena/Folhapress ?? Aposentado­s fazem manifestaç­ão no centro de São Paulo contra reforma da Previdênci­a
Tom Vieira Freitas /Fotoarena/Folhapress Aposentado­s fazem manifestaç­ão no centro de São Paulo contra reforma da Previdênci­a

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