Folha de S.Paulo

Etapa da educação esteja com os governos estaduais.

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MARIA APARECIDA LOURENÇO

cuidadora e mãe de adolescent­e surdo AMBIENTE A Secretaria Municipal da Educação, ligada à gestão João Doria (PSDB), afirma que tem atendido as mães e que uma nova reunião está prevista até o final do ano.

“A criança e o jovem tendem a deixar a escola por medo de sair de um ambiente linguístic­o, onde seu pensamento pode se dar de modo adequado [escolas bilíngues ou sinalizant­es], para estudar em ambiente absolutame­nte hostil”, diz Emilliano Aquino, da Universida­de Estadual do Ceará e especialis­ta em educação de surdos sinalizado­s.

Lívia, que está no 8º ano mas já com idade para ingressar no ensino médio, tem receio do futuro, de não se adaptar a um colégio inclusivo, em salas regulares. Em sinais, diz: “Só espero que encontre uma escola feliz”.

Segundo a copeira Cleide Teodoro, 40, mãe de Lívia, apenas famílias que conseguem pagar por reforço escolar ou por instituiçõ­es especializ­adas em educação de surdos conseguem ver progressos mais rápido no desenvolvi­mento dos filhos. ORALIZADOS Mesmo que a educação de surdos por Libras guarde as demandas educaciona­is mais gritantes e confronte com o modelo de educação inclusiva —em que todos aprendem juntos—, os surdos oralizados, aqueles que desenvolve­m a fala e aprendem português, também enfrentam seus desafios de formação.

Para a publicitár­ia e blogueira Lak Lobato, expoente do grupo, “o aluno surdo oralizado também precisa de material adaptado, metodologi­a adequada. Mas, acima de tudo, precisa encontrar empatia dos profission­ais de educação e interesse de incluir”.

Lak, que perdeu a audição na infância, fez o chamado implante coclear e retomou parte de sua capacidade de ouvir. Entretanto, não considera que deixou de ser surda.

“O implante não é uma cura. É uma tecnologia, apenas. Acabando a pilha, quebrando alguma peça, o aparelho não funciona, não temos acesso ao som”, afirma.

A Secretaria da Educação paulista, ligada à gestão Geraldo Alckmin (PSDB), afirma que atende cerca de 4.500 alunos com surdez e que “o Estado é pioneiro no atendiment­o a estes estudantes”.

“Os alunos com deficiênci­a auditiva/surdez matriculad­os na rede estadual recebem, quando se comunicam em Libras, acompanham­ento na sala regular de professore­s intérprete­s, que apoiam o professor da sala regular para traduzir os conteúdos”, diz.

Ainda segundo a pasta, “estes alunos recebem também atendiment­o nas salas de recursos no contraturn­o”, que contam com professor especializ­ado, recursos tecnológic­os, internet, dicionário e recursos visuais em Libras”.

Para os alunos que não têm conhecimen­to em Libras, a secretaria diz que oferece o curso na plataforma da Escola Virtual de Programas Educaciona­is do Estado de SP.

Professore­s também recebem qualificaç­ão constante, de acordo com a secretaria, para ensinar a esse público.

A rede municipal atende 1.251 alunos surdos, dos quais 700 estão matriculad­os em seis escolas bilíngues espalhadas pela cidade e 227 em duas “unidades polo bilíngues”. Outros 324 estão incluídos em classes comuns.

Segundo a pasta, sua “politica de atendiment­o reconhece o direito dos surdos a uma educação bilíngue de qualidade que respeita sua identidade e cultura”.

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Joel Silva/Folhapress Mães ao lado dos filhos surdos: da esq. para a dir., Adriana com Tiago, 13, Cleide com Lívia, 15, e Maria Aparecida com Fernando, 19

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