Folha de S.Paulo

Fuba de Taperoá foi pandeirist­a dos melhores

- MONICA GOLDSTEIN GOLUBCIC FERRI - Aos 62. Deixa filha, neto e irmã. Cemitério Israelita do Butantã, JUBERLINO MARTINS LEVINO (1942-2017) ANTONIO MAMMI av. Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia, 5.530, Butantã. RICARDO TEIXEIRA DAS NEVES - Nesta sexta (10) às 1

A trinca era fechada: Dominguinh­os na sanfona, Fuba no pandeiro e Dió na zabumba. Foi por acaso que o último descobriu ser o único ainda vivo, enquanto ouvia forró no rádio. “Já eram mais de duas da tarde e o locutor anunciou que o enterro de Fuba tinha sido às nove”, lamenta.

Juberlino Martins Levino, de Taperoá (PB), não gostava de explicar o apelido —fazia lembrar dos tempos de fome, quando passava dias à base de “fuba”, milho sovado.

Criança, encantava-se pelas marchinhas da mãe. Aos 17, aprendeu a tocar zabumba com um primo, músico de reputação no cariri paraibano. Um ano depois, foi para o Rio atrás de oportunida­des — qualquer uma. Fez a viagem de carona numa carga de sal.

Mudou-se logo para SP, onde tinha mais serviço. Pedreiro, trabalhou na construção da rodovia Castelo Branco.

Na capital paulista, preservava o dom no salão de Pedro Sertanejo, histórica casa de forró no Belenzinho. Ouvindo o suingue de Jackson do Pandeiro na vitrola, se iniciou no instrument­o que o consagrou.

Certo dia no bar, Dominguinh­os disse precisar de alguém no triângulo para um show. Não era a de Fuba, mas ele sempre estava à mão: assim começou a parceria de décadas. Também tocou com Luiz Gonzaga —“Como tá o bolso?”, sondava o Rei do Baião quando precisava de músicos.

Foram seis discos autorais —pagou a gravação do primeiro reformando a casa do produtor. Diabético, recolheu-se nos últimos tempos. “Amuou depois que Dominguinh­os morreu [em 2013]”, diz Dió.

Morreu de falência de múltiplos órgãos aos 75 anos, no dia 17. Deixa filha e neto. coluna.obituario@grupofolha.com.br 1º MÊS 49º MÊS EM MEMÓRIA

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