Folha de S.Paulo

Ex-promotor boliviano vive limbo no Brasil

Marcelo Soza, que se diz perseguido pelo governo Evo, aguarda há mais de três anos pelo status de refugiado

- RUBENS VALENTE

Acusado de usar o cargo em benefício próprio, alertouMor­alessobre suspeitas de extorsão envolvendo servidores

núncias de corrupção no alto escalão do governo. Diz ter alertado Evo Morales sobre casos de extorsão envolvendo funcionári­os públicos.

“O presidente não fez nada a respeito, disse que ‘ia falar com os ministros’. Mas nunca falou, depois me dei conta. Tornei-me um perigo para eles”, diz o boliviano.

Na sequência, Soza se tornou alvo de investigaç­ões em dois lugares ao mesmo tempo. “Eles me indiciaram em La Paz e em Santa Cruz. Não deram espaço para eu me defender. Isso vai contra o direito internacio­nal, que estabelece que não pode haver dupla perseguiçã­o penal.”

Sob pressão, o promotor pediu demissão do cargo em 2013, mas os processos contra ele continuara­m. Afirmando temer que, preso, pudesse ser morto, Soza deixou a Bolívia para buscar proteção no Brasil. Ele ainda espera retornar à Bolívia, mas só quando o presidente for outro.

“É muito difícil viver em um país estranho. Mas agradeço aos brasileiro­s. Conheci muitas pessoas boas aqui. O governo brasileiro deve se preocupar um pouco mais com os refugiados, que precisam trabalhar, precisam comer. Precisa dar um pouco mais de atenção a isso.”

Procurado pela Folha, o Conare informou, por meio da assessoria do Ministério da Justiça, que o presidente do órgão não poderia conceder entrevista sobre o tema “por questão de sigilo definido em lei”. “É necessário aguardar o julgamento da solicitaçã­o”, disse o órgão.

Procurada, a Embaixada da Bolívia não deu retorno.

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