Folha de S.Paulo

‘Top of the Lake’ volta após quatro anos com maratona no cinema

Série de Jane Campion terá os seis episódios exibidos no Cinesesc

- CÁSSIO STARLING CARLOS

FOLHA

Dizem que o cinema anda cada vez pior, enquanto as séries de TV conquistar­am o topo do interesse pela ficção audiovisua­l. Um dos sinais dessa mudança seria o número de cineastas de renome assinando séries, com o argumento de que nelas encontram liberdades de criação cada vez mais raras.

Quem não resiste às boas narrativas e não desiste das vantagens visuais do cinema tem neste sábado (11), na sessão única de “Top of the Lake – China Girl”, no Cinesesc, a oportunida­de de completar a maratona diante de uma das melhores telas da cidade.

A segunda temporada da série traz de volta a grife de Jane Campion, única diretora a conquistar a Palma de Ouro. Seu nome aparece nos créditos como criadora (ao lado de Gerard Lee) e produtora executiva. Depois de dividir, com Garth Davis, a direção da primeira temporada, ela assina os episódios 1 e 5 da segunda.

Na temporada de 2013, disponível no Netflix, a série tinha, entre seus atrativos, os efeitos de assinatura que os cinéfilos adotam para identifica­r um autor.

No caso de Campion, isso aparece na temática centrada em traumas femininos, nos conflitos sexuais e políticos, no uso expression­ista dos cenários e no romantismo sombrio em que ela mergulha seus personagen­s.

Na segunda temporada, a profundida­de espacial da Nova Zelândia cede importânci­a à vertigem urbana de Sydney. A série explora o mapa sinuoso da cidade e o oceano como fronteira física e simbólica.

A policial Robin Griffin (Elisabeth Moss, melhor ainda que em “The Handmaid’s Tale”) retorna em outro caso de violência contra a mulher.

Embora introduza outras e mais nuançadas personagen­s femininas, como a desequilib­rada mãe com que Nicole Kidman arranca aplausos, a segunda temporada não se resume à guerra dos sexos.

O peso dramático agora se transfere para os conflitos entre figuras paternas e maternas e os filhos, que rompem com o casulo sem conseguir encontrar outro lugar. Nessa zona indefinida, os predadores estão sempre à espreita, espalhando medos fantasmáti­cos e reais, como no assombroso terceiro episódio.

O mistério permanece como o fio que articula as camadas e sua função é nos manter reféns em lugares escuros do mundo e da alma. DIREÇÃO Jane Campion e Ariel Kleiman ELENCO Elisabeth Moss e Nicole Kidman PRODUÇÃO Reino Unido/Austrália/ Nova Zelândia/EUA, 2017, 16 anos QUANDO sábado (11), às 14h, no Cinesesc AVALIAÇÃO ótimo

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Divulgação Thomas M. Wright e Elisabeth Moss em cena de episódio da segunda temporada da série

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