Tons do verde
Enquanto a natureza enriquece o mundo com as nuances que admiramos, a obra do homem muitas vezes consiste em eliminá-las
É primavera! Andando de carro por uma estrada fora da cidade, fixe o olhar num pedaço de paisagem:
Quantos tons de verde você vê, de onde você está, até o horizonte? Quantos tons de verde uma paisagem tem?
Quantos tons de verde o mundo tem? Quantos tons um verde tem?
A variedade de verdes que o mundo contém é fantástica, incomensurável. E não é preciso pegar um modelo tão vasto, como uma paisagem vista de um carro em movimento — qualquer jardim ou parque possui inúmeras nuances de verde, mesmo quando caminhamos apenas.
Os artistas procuram reproduzir as nuances da natureza, enquanto os homens comuns procuram, com frequência, eliminá-las.
Novembro —o verão está aí. A luz enriquece a paisagem, e a natureza nos envolve em suas cores.
Quando passamos por um muro, criado pelo homem, podemos ver muitos metros sem nuances: um cinza só, um bege só.
Muitas vezes esta é a obra da qual o homem se orgulha: uma parede, um muro, um paredão sem nuance algum —que só o homem faz.
A humanidade é assim —deseja poder intervir. Tornar plácido o que é tumultuado e tornar tumultuado o que é plácido. Enquanto a natureza enriquece o mundo com as nuances todas que admiramos, a obra do homem muitas vezes consiste em eliminá-las. Um paredão sem manchas, “liso”, a natureza não faz — só o homem faz.
Falando da riqueza das nuances, damos de cara com o valor inestimável da ausência de tons: qual a pedra preciosa mais valiosa? É a que tem a cor pura, sem nenhuma variedade de tons —uma esmeralda só verde, uma água marinha só azul ou um brilhante só transparente.
A natureza cria a multiplicidade cuja harmonia é o que vamos chamar de belo —se é que ele existe.
O homem se esforça em recriar a natureza, tentando chegar à mesma emoção e sensação de equilíbrio, na acertada combinação de diferenças. Sonhos de toda a huma- nidade, em todos os tempos —equilíbrio e harmonia.
Ao mesmo tempo em que sonhamos com o monocromático, almejamos harmonia entre diferentes tons. Quando encontramos isso na natureza, com os verdes que nos rodeiam, queremos intervir e mudar —ampliar as variedades e as diferenças. Quando nos sentimos capazes de mudar, nos sentimos fortes... e força é o que imaginamos precisar para manter a vida.
Ter força de intervir é ter força de continuar vivendo.
A natureza é assim... colore e descolore, reforça e simplifica. Uma eterna e ininterrupta demonstração de força e poder.
Voltando ao verde —quem sabe as nuances não são, tão somente, lutas pela sobrevivência... O verde é tão pouco cantado que nem parece ser a fonte perene da vida! Até estou me estranhando ao me fixar no verde – assim de repente! É o verde que nos alimenta. É a natureza que se imiscui com o corpo humano e animal, dandolhe VIDA! ANNA VERONICA MAUTNER
Ao surgir como protagonista no combate ao banditismo petista e atuar decisivamente no impeachment, o MBL parecia ser um poderoso aliado na luta pródemocracia. Parecia. Episódios como o caso da exposição em Porto Alegre e a censura-retaliação à repórter da Folha começam a revelar a face conservadora e radical do movimento. Parece que nosso destino será mesmo um embate entre a “esquerda” corrupta e a “direita” retrógrada (“Movimento veta repórter da Folha em evento”, “Poder”, 12/11).
RINEU SANTAMARIA FILHO
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Para os verdadeiros fãs de esporte, o motor do problema da F-1 não está na ausência de pilotos brasileiros em 2018, mas no quase sonífero que se tornaram as corridas da categoria. O Mundial de Motovelocidade é a antítese da F-1: corridas fantásticas, com disputas acirradíssimas (“Ausência de piloto brasileiro em 2018 preocupa Globo”, “Esporte”, 12/11).
MARCELO MELGAÇO