Folha de S.Paulo

Tons do verde

Enquanto a natureza enriquece o mundo com as nuances que admiramos, a obra do homem muitas vezes consiste em eliminá-las

- ANNA VERONICA MAUTNER www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

É primavera! Andando de carro por uma estrada fora da cidade, fixe o olhar num pedaço de paisagem:

Quantos tons de verde você vê, de onde você está, até o horizonte? Quantos tons de verde uma paisagem tem?

Quantos tons de verde o mundo tem? Quantos tons um verde tem?

A variedade de verdes que o mundo contém é fantástica, incomensur­ável. E não é preciso pegar um modelo tão vasto, como uma paisagem vista de um carro em movimento — qualquer jardim ou parque possui inúmeras nuances de verde, mesmo quando caminhamos apenas.

Os artistas procuram reproduzir as nuances da natureza, enquanto os homens comuns procuram, com frequência, eliminá-las.

Novembro —o verão está aí. A luz enriquece a paisagem, e a natureza nos envolve em suas cores.

Quando passamos por um muro, criado pelo homem, podemos ver muitos metros sem nuances: um cinza só, um bege só.

Muitas vezes esta é a obra da qual o homem se orgulha: uma parede, um muro, um paredão sem nuance algum —que só o homem faz.

A humanidade é assim —deseja poder intervir. Tornar plácido o que é tumultuado e tornar tumultuado o que é plácido. Enquanto a natureza enriquece o mundo com as nuances todas que admiramos, a obra do homem muitas vezes consiste em eliminá-las. Um paredão sem manchas, “liso”, a natureza não faz — só o homem faz.

Falando da riqueza das nuances, damos de cara com o valor inestimáve­l da ausência de tons: qual a pedra preciosa mais valiosa? É a que tem a cor pura, sem nenhuma variedade de tons —uma esmeralda só verde, uma água marinha só azul ou um brilhante só transparen­te.

A natureza cria a multiplici­dade cuja harmonia é o que vamos chamar de belo —se é que ele existe.

O homem se esforça em recriar a natureza, tentando chegar à mesma emoção e sensação de equilíbrio, na acertada combinação de diferenças. Sonhos de toda a huma- nidade, em todos os tempos —equilíbrio e harmonia.

Ao mesmo tempo em que sonhamos com o monocromát­ico, almejamos harmonia entre diferentes tons. Quando encontramo­s isso na natureza, com os verdes que nos rodeiam, queremos intervir e mudar —ampliar as variedades e as diferenças. Quando nos sentimos capazes de mudar, nos sentimos fortes... e força é o que imaginamos precisar para manter a vida.

Ter força de intervir é ter força de continuar vivendo.

A natureza é assim... colore e descolore, reforça e simplifica. Uma eterna e ininterrup­ta demonstraç­ão de força e poder.

Voltando ao verde —quem sabe as nuances não são, tão somente, lutas pela sobrevivên­cia... O verde é tão pouco cantado que nem parece ser a fonte perene da vida! Até estou me estranhand­o ao me fixar no verde – assim de repente! É o verde que nos alimenta. É a natureza que se imiscui com o corpo humano e animal, dandolhe VIDA! ANNA VERONICA MAUTNER

Ao surgir como protagonis­ta no combate ao banditismo petista e atuar decisivame­nte no impeachmen­t, o MBL parecia ser um poderoso aliado na luta pródemocra­cia. Parecia. Episódios como o caso da exposição em Porto Alegre e a censura-retaliação à repórter da Folha começam a revelar a face conservado­ra e radical do movimento. Parece que nosso destino será mesmo um embate entre a “esquerda” corrupta e a “direita” retrógrada (“Movimento veta repórter da Folha em evento”, “Poder”, 12/11).

RINEU SANTAMARIA FILHO

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Para os verdadeiro­s fãs de esporte, o motor do problema da F-1 não está na ausência de pilotos brasileiro­s em 2018, mas no quase sonífero que se tornaram as corridas da categoria. O Mundial de Motoveloci­dade é a antítese da F-1: corridas fantástica­s, com disputas acirradíss­imas (“Ausência de piloto brasileiro em 2018 preocupa Globo”, “Esporte”, 12/11).

MARCELO MELGAÇO

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