Empresário tenta alternativa para driblar restrição
espécie de zona cinzenta sobre o que pode ser um negócio e o que caracteriza apologia do uso da droga ou facilitação ao crime de tráfico.
“O porte de maconha ainda é crime, só não existe mais a pena de prisão. Quem quer investir nessa área precisa ficar atento ao que a lei prevê, inclusive no uso medicinal, mas tudo avança de forma lenta”, explica Maierovitch.
Coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas, Tales Andreassi também acredita que buscar o pioneirismo em um mercado não regulamentado traz tanto o risco de perder o investimento quanto de ter de responder na Justiça.
“Pode até ser uma opção para quem pretende exportar para países onde o consumo é liberado, mas se estará à margem da lei no Brasil, sendo difícil traçar uma meta de expansão devido às restrições”, diz o especialista.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Holanda já foi uma espécie de “Disney” para consumidores e empreendedores canábicos. Mas com as mudanças na legislação em outros países, os negócios da maconha se expandiram.
Nos EUA, de acordo com a consultoria ArcView Market Reasearch, o mercado medicinal da Cannabis deve chegar a US$ 10,7 bilhões em 2020, e o de uso recreativo, a US$ 12 bilhões.
Hoje, 26 Estados americanos autorizam o uso medicinal e quatro permitem o recreativo. É possível até se graduar em maconha na Universidade do Norte do Michigan.
Nos últimos anos, o Brasil viu vizinhos como Uruguai, Chile e Peru flexibilizarem suas políticas de punição ao consumo de maconha.
O aplicativo BudBuds, criado por um brasileiro que se mantém sob anonimato, começou a ser oferecido em setembro no Chile, no Uruguai, na Argentina e na Colômbia.
O app rastreia a Cannabis por QR Code, sendo possível saber qual é a espécie e como plantá-la. A empresa foi aberta nos EUA por questões jurídicas, diz Rogério Barros, um de seus executivos, já que o país tem Estados que permitem o consumo.
Foram investidos cerca de US$ 500 mil no BudBuds — parte veio de um investidoranjo. O aplicativo é gratuito e a receita deve vir da oferta de serviços e de produtos. JOGO DE TABULEIRO Apesar de ser um mercado que ainda passa por mudanças, Mauro Leno, 34, decidiu desenvolver seu produto para o mercado brasileiro. Ele e mais dois sócios criaram o jogo de tabuleiro O Jardineiro Feliz, que propõe misturar diversão e educação canábica, com informações sobre espécies, plantio e curiosidades.
Leno, que venceu a primeira versão da Maratona Ignition, busca investidores.
A Papelito, dos irmãos Chrystian, 28, e Rossini Sarkis Silva, 30, de Brasília, atua no mercado de seda para cigarros desde 2011. No começo, foram investidos R$ 100 mil.
“As primeiras vendas foram em Brasília, em lojas de conveniência, mas com o tempo fechamos parceria com um grande distribuidor de cigarros, e hoje estamos em 23 Estados”, conta Silva.
O empresário calcula que a Papelito chegará a um faturamento de R$ 7 milhões neste ano, um aumento de 20% em relação a 2016.
Os acessórios para o consumo de maconha são o principal negócio de Alexandre Perroud, 49, dono da Ultra420. Ele tem uma loja própria na Galeria Ouro Fino, nos Jardins (zona oeste de SP), aberta em 1994, e franquias em Campinas (SP) e no Rio de Janeiro. Mais uma será inaugurada no mês que vem, em Perdizes (zona oeste).
Além das franquias, o empresário distribui seus produtos a outros lojistas, comercializa por e-commerce e está em fase de ajuste de máquinas de venda automática.
“Comecei em uma época em que a repressão era muito grande, minha loja passou por sete batidas policiais em oito meses. Busquei informações com um advogado para saber se o que estava fazendo era ilegal e fui alertado sobre o que poderia oferecer”, conta Perroud. De acordo com ele, cada loja fatura por mês, em média, R$ 25 mil.