Folha de S.Paulo

MARATONA DE EXAMES

Estudantes que tentam vaga nas principais universida­des públicas de São Paulo vão ter o mês todo de novembro comprometi­do com provas

- PAULO SALDAÑA ARTUR RODRIGUES

DE SÃO PAULO

Depois de redação e quatro provas com um total de 190 questões, enfim o Enem terminou neste domingo (12). A maratona do vestibular, entretanto, ainda envolve horas de exames pela frente.

Com o Enem sendo realizado em dois domingos a partir deste ano, vestibulan­dos que tentam vaga nas principais universida­des públicas de SP terão todos os finais de semana do mês de novembro comprometi­dos com provas.

Nesta quarta (15), já tem o vestibular da Unesp. Nos próximos dois domingos (19 e 26), é a vez de Unicamp e Fuvest, respectiva­mente. Uma sequência que configura para estudantes, além de testes de conhecimen­tos, uma verdadeira prova de resistênci­a.

Para o vestibulan­do Valdemir de Carvalho dos Santos, 21, a via sacra de processos seletivos vai representa­r mais de 37 horas de provas. Além dos exames do Enem, USP, Unesp e Unicamp, ele presta os vestibular­es da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) e Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) —ambas também são públicas estaduais.

“Isso gera muita pressão”, diz ele. “Prova é como se fosse uma atividade física, um esporte de competição, em que você está concorrend­o com outras pessoas muito preparadas”, complement­a.

Em busca de uma vaga no concorrido curso de medicina, o estudante, oriundo de escola pública, está no 4º ano de cursinho no Etapa, em SP. “Cada prova exige dedicação diferente, porque são exames com caracterís­ticas próprias.”

A rotina de estudos tem sido pesada, o que, avalia, funciona como preparo de resistênci­a. Ele mora em São Bernardo. Acorda às 4h30 para ir ao cursinho, na região central da cidade. Só chega em casa depois das 23h.

Neste ano, percebeu o quanto estar descansado na véspera pode fazer a diferença. “Nos últimos anos ficava estudando e percebi que isso não dava muito certo, me deixava muito nervoso. Neste ano, investi no descanso. No dia antes da prova, vou ao shopping ou ao parque e, à tarde, fico em casa de boa.”

Para o coordenado­r do Etapa Edmilson Mota, a prioridade agora é o psicológic­o e o motivacion­al. Ele explica: “Não vai ter tanto tempo para estudar. E tem que tentar desvincula­r uma prova da outra”.

Correr ou até meditar está entre as atividades da estudante Beatriz Aires Lopes, 18, para aguentar esse período e “liberar o nervosismo”. Além do Enem, ela prestará Unesp, Unicamp e USP.

Quer cursar ciências bioló- gicas. “A mente tem que estar relaxada para ter concentraç­ão. Acredito que o que era para ter estudado, já foi”, diz ela, que está no 2º ano do cursinho da Poli. Entre uma prova e outra, sua estratégia é focar em algumas revisões, “mas com tranquilid­ade”.

Como vestibular é muito treino, ter estratégia­s para desligar a cabeça, como praticar esportes ou jogar videogame, é muito importante para ter sucesso, defende o professor Renato Tresolavy, do Ético sistema de ensino.

“Esse espaço entre as provas tem que ser mais dedicado a rever pontos importante­s, com aqueles temas que escolas e cursinhos já mapeiam que caem mais na prova.”

Sofia Fonseca, 17, que vai fazer um vestibular por semana neste mês, diz dedicar seu tempo aos mais desejados. “O Enem não era minha prioridade. Nas próximas semanas, vou prestar FGV e Fuvest.”

Se tudo der certo para os estudantes, a maratona con-

Neste domingo, os alunos fizeram as provas do Enem de ciências da natureza (biologia, química e física) e matemática. Professore­s de cursinhos avaliam o nível de dificuldad­e aumentou em relação a anos anteriores.

Coordenado­r do curso Etapa de São Paulo, Marcelo Dias defende que o exame “não é mais só uma prova de interpreta­ção como antes”. O maior desafio deste ano, avalia, foi gerenciar o tempo.

Balanço do Inep aponta que, dos 6,7 milhões de inscritos, 32% não comparecer­am neste domingo. No dia 5, foram 29,8% —dentro da média de 30% de abstenções, segundo o ministro da Educação, Mendonça Filho.

No total, 853 candidatos foram eliminados, a grande maioria por descumprir regras, como levar objetos proibidos. Pelo menos 3.500 farão a reaplicaçã­o da prova em dezembro, principalm­ente por causa da falta de energia em locais de prova.

Duas operações da Polícia Federal pelo país na última semana resultaram em 59 mandados de busca e apreensão, 42 conduções coercitiva­s e cinco prisões. Na ação deste domingo, em 13 Estados, foram investigad­as fraudes em anos anteriores. Os grupos são suspeitos de passar o gabarito por ponto eletrônico aos alunos.

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Estudantes que foram prestar prova do Enem no domingo (12) na Uninove, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo
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Avener Prado/Folhapress Beatriz Lopes, 18, vai prestar Unesp, Unicamp e USP

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