Folha de S.Paulo

Bradesco pena para cobrar R$ 1 bi de Eike

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O advogado de Leite, Renato Vieira, disse que seu cliente “nega as acusações e sempre esteve e está à disposição dos órgãos de persecução penal para colaborar”.

O Santander, em nota, informou que não foi notificado da denúncia. Sobre a contrataçã­o da Lupe Consultori­a, alegou que o contrato foi firmado em 2013, “seguindo critérios rígidos de ‘compliance’, que comprovara­m a não existência, à época, de qualquer fato que desabonass­e a empresa ou seus sócios”.

O banco disse ainda que os honorários pagos correspond­eram à média de mercado para serviços daquela tipo no período. Explicou ainda que, tão logo alertado pela Receita Federal sobre as suspeitas em relação à Lupe, colocouse voluntaria­mente à disposição das autoridade­s.

A Folha não localizou representa­ntes da Lupe.

DE BRASÍLIA

A euforia dos bancos com o grupo de Eike Batista ainda cobra seu preço. Um de seus maiores credores, o banco Bradesco tenta receber judicialme­nte e não consegue mais de R$ 1 bilhão do empresário que já foi o homem mais rico do Brasil e hoje está preso por irregulari­dades investigad­as pela Lava Jato.

A notificaçã­o de cobrança foi enviada pela Justiça de São Paulo para o fórum de Bangu, no Rio, em fevereiro deste ano, quando Eike ainda estava no presídio.

Desde abril, o empresário cumpre pena domiciliar. Até hoje, Eike não pagou a conta nem teve bens bloqueados para arcar com essa dívida —algo que estava previsto no contrato com o banco.

A penhora não pôde ser feita porque o fórum de Bangu não devolveu os documentos da notificaçã­o para o Tribunal de Justiça de São Paulo, onde tramita o processo. É o que diz o banco em novo pedido à Justiça feito em outubro. Sem isso, não é possível bloquear mais bens de Eike.

O valor já foi devidament­e provisiona­do, e o Bradesco ainda tenta recuperar o dinheiro —ou parte dele.

Junto com o Itaú, o Bradesco foi um dos bancos mais expostos às empresas de Eike. Só em empréstimo­s de curto prazo, os dois bancos tiveram perdas de R$ 3,7 bilhões.

A dívida cobrada pelo Bradesco é de uma empresa em um paraíso fiscal chamada Aux Luxembourg —Eike aparece como representa­nte legal.

Em2013,aAuxLuxemb­ourg fechou contrato de empréstimo com o Bradesco, que então abriu uma espécie de conta de crédito para o grupo de Eike.

No processo, o banco afirma que, em dezembro de 2016, o empréstimo venceu e a Aux Luxembourg não pagou US$ 318,5 milhões —equivalent­e a R$ 1,1 bilhão em valores de fevereiro deste ano e que incluem impostos.

Procurado, o Bradesco não quis se pronunciar. O advogado de Eike Batista não retornou até a conclusão desta edição. (JULIO WIZIACK)

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