Folha de S.Paulo

De despachant­e de viagens a juiz de direito

- PAULO JORGE SCARTEZZIN­I GUIMARÃES (1965-2017) ANTONIO MAMMI JACY VELLUDO VARELLA COSTA - Nesta terça (14) às 18h, Paróquia N. Sra. Mãe do Salvador (Cruz Torta), av. Prof. Frederico Hermann Júnior, 105, Alto de Pinheiros. ANA LAURA MARTINS GARCIA - Nesta q

No quarto ano da faculdade de direito, Paulo Jorge Scartezzin­i se viu diante de um impasse: ou galgava a hierarquia da Varig, largando o balcão do aeroporto para tornar-se promotor de vendas, ou dava uma última chance à área do pai, advogado, e da mãe, procurador­a.

Ele gostava de trabalhar para uma companhia aérea. A despeito de ter que lidar com reclamaçõe­s em casos de bagagens com excesso de peso ou tomar chuva ao conferir bilhetes ao pé das escadas de beira de avião, ganhava passagens de graça para onde quisesse.

Antes de bater o martelo (atividade que viria a exercer depois), resolveu estagiar num escritório de advocacia.

A prática despertou um interesse inexistent­e na sala de aula: Paulo decidiu seguir carreira na lei e, dois anos após se formar, tomou posse como juiz no Tribunal de Justiça de São Paulo —precoce, completari­a 26 anos de magistratu­ra no final deste ano.

Ficar trancado no gabinete não combinava com sua índole itinerante. Continuou circulando mundo afora —só para a Ásia, foi cinco vezes. “Acho que se tivesse tido tempo de se aposentar ele escreveria sobre viagens”, palpita o primo Cid, companheir­o no caminho de Santiago de Compostela, seu último giro.

Titular da 4ª Vara do Fórum de Pinheiros e bem quisto pela comunidade jurídica, não tinha a sisudez que às vezes se atribui às autoridade­s. “Era discreto, andava de chinelos. Ninguém diria que era juiz”, afirma a mulher, Elaine.

Morreu neste sábado (11), aos 52, de complicaçõ­es de um tumor. Deixa mulher e quatro filhas —duas de criação. coluna.obituario@grupofolha.com.br 2º ANO 22º ANO

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