Brasil em missões de paz: a cobra fumando
Passada a operação no Haiti, mais do que nunca, a ONU precisa das habilidades, do capital humano e da coragem dos pacificadores brasileiros
Havia um ditado, popular no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, que dizia: “mais fácil uma cobra fumar um cachimbo do que a FEB embarcar para o combate”. De fato, antes de a Força Expedicionária Brasileira entrar em combate na Itália, a expressão “a cobra vai fumar” era constantemente usada para descrever algo improvável.
A FEB, contudo, conseguiu rebater as críticas e inverter a situação, tornando-se uma força militar forte e profissional. Passaram a se chamar de Cobras Fumantes e a vestir um símbolo que mostrava uma cobra fumando um cachimbo. Hoje, quando consideramos a liderança militar brasileira em missões de paz, essa expressão ainda tem uma conotação positiva.
O ano de 2017 testemunhou o fim e o sucesso da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), a maior missão de paz brasileira: foram 13 anos, 13 parceiros regionais e 37.000 oficiais brasileiros. Neste 15 de novembro, o ministro da Defesa do Brasil, Raul Jungmann, se encontrará em Vancouver com colegas de mais de 80 países e organizações para fortalecer futuras missões de paz da ONU.
O Reino Unido e a França estarão lá para reforçar a importância da participação do Brasil, já que este ano marca os 70 anos de participação brasileira em operações de missões de paz. Isso representa um grande feito e uma enorme contribuição para a paz mundial.
A comunidade internacional percorreu um longo caminho desde as primeiras missões de paz, e o objetivo continua atemporal: tirar países de conflitos. No entanto, missões como a Minustah demonstram o quão mais avançadas e eficazes as missões de paz se tornaram.
Sem descartar a possibilidade de fazer uso da força quando necessário, os pacificadores brasileiros, com sua famosa “diplomacia do futebol”, trabalharam com comunidades locais para recuperar o poder de Cité Soleil das gangues armadas e reconstruir a força da polícia haitiana. Eles focaram nas raízes do conflito e abriram as portas para a cooperação em agricultura, infraestrutura e saúde.
A força em números ajudou, mas a lição que o Brasil demonstrou a todos os países contribuintes de tropas foi que treinamento importa. Sem isso, teria sido impossível para os pacificadores brasileiros superar os desafios de múltiplos desastres humanitários.
É por meio do excelente centro de treinamento para missões de paz no Rio, o CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), que o Brasil continua a compartilhar lições com o mundo e garantir que novas questões, como gênero, sejam incorporadas ao treinamento para missões de paz. Temos orgulho do trabalho que a França e o Reino Unido vêm realizando com o CCOPAB nesse sentido.
Conquanto tudo isso deva, certamente, ser celebrado, não estamos falando, ainda, em “missão cumprida”. Há, e continuará a haver, países com necessidade urgente de missões de paz. A África continua sendo um dos principais cenários para operações de paz, de Mali ao Sudão, da República Centro-Africana à Somália. E, no centro de tudo isso, estão os civis, que são afetados por conflitos, guerra e desastres. Todos compartilhamos a ambição de minimizar seu sofrimento.
É por essa razão que agora, mais do nunca, as Nações Unidas precisam das habilidades, do capital humano e da coragem dos pacificadores brasileiros —para “os cobras” continuarem fumando. VIJAY RANGARAJAN MICHEL MIRAILLET,
Enquanto isso, o Rio vive seu pior momento na saúde, na educação e na segurança, fora os salários atrasados dos funcionários públicos. Será que isso vai ter fim um dia?
HELIO MARCENGO
A República do Brasil é um golpe consumado desde 1889. O povo precisa rever a mentirada que aprendeu na escola. As famílias conspiradoras continuam por aí, avançadas nos palácios graças à ignorância popular.
MARCOS A. T. GARCIA
Dilma Rousseff
Reli o texto “A aurora de uma nova justiça” (“Poder”, 14/11) achando tratar-se de alguma brincadeira ou ironia. O mais estarrecedor não é o colunista Joel Pinheiro da Fonseca lamentar não existir uma tecnologia que devasse “os recônditos secretos da mente”, e sim a sua iminência. Há monstros entre nós, caro Joel? O mais correto não seria “há monstros em todos nós”?
MARCELO CARVALHO SIQUEIRA
Sobre a coluna de Marcus André Melo (“Procurando Marcon”, “Opinião”, 13/11), creio que Macron foi eleito não pelas suas propostas, mas por falta de alternativas. Tanto é que a oposição às suas propostas só faz aumentar. A questão é do sistema. Nas democracias de voto, o novo governo não se sente obrigado a dar continuidade aos projetos do anterior. Pelo contrário, faz questão de descontinuá-los, como tenta fazer Trump com o legado de Obama. Ainda que houvesse projetos nacionais, essa irracionalidade tenderia a persistir.
CLOVES OLIVEIRA
Viagens