Folha de S.Paulo

TESTEMUNHA­S BOLSONARO E DUVIVIER FLAGRAM AÇÃO

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Três deputados estaduais da cúpula do PMDB do Rio foram alvos da Operação Cadeia Velha sob suspeita de terem recebido propina de empresas de ônibus e empreiteir­as.

A Procurador­ia afirma que o presidente da Assembleia Legislativ­a, Jorge Picciani, e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi integram uma “confraria saqueadora” dos cofres públicos ao lado do exgovernad­or Sérgio Cabral, preso há quase um ano. Sete pessoas ligadas aos parlamenta­res foram presas, além de três empresário­s do setor.

“Não havia um chefe mor, mas um comando horizontal de uma grande confraria do crime organizado no Rio mantida por agentes públicos do Executivo e Legislativ­o”, afirmou o superinten­dente da Polícia Federal, Jairo Souza da Silva.

As investigaç­ões levantam suspeitas inclusive sobre a indicação de Albertassi para uma vaga de conselheir­o no TCE (Tribunal de Contas do Estado), feita pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) na semana passada.

Para procurador­es, o ato foi uma forma de atrapalhar as investigaç­ões. Caso nomeado, o processo “voltaria à estaca zero” ao ser enviado ao Superior Tribunal de Justiça, em razão do foro privilegia­do.

A indicação foi usada como um dos argumentos para o Ministério Público Federal pedir a prisão em flagrante dos três deputados. O juiz federal Abel Gomes, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal no Rio, entregou a decisão a um colegiado de seis magistrado­s e autorizou a condução coercitiva dos três.

“Fazer do deputado Albertassi um membro do TCE a esta altura é uma demonstraç­ão forte de poder por parte O deputado Jair Bolsonaro presenciou o momento em que a PF conduziu Picciani (PMDB), no aeroporto do Rio. “A gente espera que a Polícia Federal continue fazendo esse bom trabalho”, disse, em vídeo publicado nas suas redes sociais. O colunista da Gregorio Duvivier pegou o mesmo voo que Picciani. “Chegando no Rio, recepção calorosa da PF”, escreveu.

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da organizaçã­o criminosa”, afirma a Procurador­ia.

Os procurador­es dizem não ter “dados concretos” do envolvimen­to de Pezão, autor da indicação de Albertassi.

A escolha, contudo, provocou inclusive a demissão do procurador-geral do Estado, Leonardo Espíndola, que se recusou a defender o ato do governo no Tribunal de Justiça. Pela Constituiç­ão, o governador deveria indicar um auditor de carreira do TCE.

O deputado abriu mão do cargo após o depoimento à Polícia Federal.

As investigaç­ões indicaram que Picciani, Melo e Albertassi receberam propina de donos de empresas de ônibus ao menos entre 2010 e 2016. As informaçõe­s foram entregues pelo operador financeira Álvaro Novis, responsáve­l pela “caixinha” da Fetranspor (federação das empresas de ônibus) e Marcelo Traça, vice-presidente da entidade.

Picciani recebeu R$ 58,5 milhões, Melo, R$ 54,3 milhões e Albertassi, ao menos R$ 2,7 milhões, segundo os delatores. A PF prendeu assessores de Picciani e Melo. Também foi preso Felipe Picciani, filho do presidente da Assembleia. Ele é executivo da Agrobilara, supostamen­te usada para lavar dinheiro.

Segundo a acusação, a empresa de gado de Picciani foi usada para receber propina da Carioca Engenharia e para lavagem de dinheiro do expresiden­te do TCE Jonas Lopes, que se tornou delator.

A petição detalha ainda suposta propina paga pela Odebrecht a Picciani.

A Procurador­ia afirma que os pagamentos resultaram em mudanças legislativ­as em favor da Odebrecht e das empresas de ônibus. ALVOS Ligado a Jorge Picciani > Felipe Picciani - filho > Jorge Luiz Ribeiro - sócio > Carlos Pereira - sócio > Ana Cláudia Jaccoub - funcionári­a > Márcia Rocha de Almeida - funcionári­a

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Rodrigo Menezes/Futura Press/Folhapress Ao desembarca­r no Santos Dumont, o presidente da Alerj, Jorge Picciani, é conduzido por policiais para prestar depoimento

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