Folha de S.Paulo

Lava Jato atrai atenção inédita no exterior

-

Delator da Odebrecht indicou o uso de contas em bancos dos países no esquema para repassar propinas questionam­entos, após a imprensa local ter informado que o empresário Marcelo Odebrecht relatou a procurador­es peruanos que a empresa contratou Kuczynski como consultor na década passada, após ele deixar um cargo no governo de Toledo.

No Equador, o vice-presidente da República, Jorge Glas, está preso sob suspeita de ter recebido suborno da companhia brasileira.

As autoridade­s argentinas também conduzem investigaç­ões sobre obras da Odebrecht. Para as próximas semanas, estão agendados depoimento­s judiciais de investigad­os pela suposta ligação com negócios ilícitos da firma.

Já em Angola e Moçambique a imprensa relata que há omissão das autoridade­s em relação aos subornos indicados pela empreiteir­a. EUROPA São 12 os países europeus que encaminhar­am pedidos à Lava Jato, a maioria em razão do uso de instituiçõ­es financeira­s locais pelas empreiteir­as brasileira­s.

Nesse grupo estão autoridade­s de Andorra, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Itália, Liechtenst­ein, Noruega, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça.

No setor de propinas da Odebrecht, o executivo Luiz Eduardo da Rocha Soares tinha a tarefa de procurar bancos no exterior e criar novas estruturas com empresas fictícias para o programa de pagamentos paralelos.

Em seus testemunho­s de colaboraçã­o premiada, Soares citou o uso de sete bancos situados em Andorra, Suíça, Áustria, Malta e na Ilha da Madeira (território de Portugal).

O delator também contou que a maior parte do dinheiro usado para abastecer o esquema foi gerada por meio de operações e contratos fraudulent­os feitos fora do Brasil, principalm­ente na Venezuela, no Panamá, na República Dominicana e em Angola.

Procurada pela Folha ,a Odebrecht afirmou que “a qualidade e a eficácia da colaboraçã­o da Odebrecht vêm sendo confirmada­s dia a dia, e têm sido instrument­o valioso para a ação da Justiça brasileira e dos países em que a empresa atua”.

Esta reportagem contou com informaçõe­s de integrante­s do projeto internacio­nal de jornalismo colaborati­vo Investiga Lava Jato, do qual participam 21 profission­ais de 11 países da América Latina e da África. O grupo tem a coordenaçã­o de profission­ais da Folha e do portal Convoca, do Peru.

ADÉRITO CALDEIRA, CHRISTIAN ZURITA, EMILIA DELFINO E ÓSCAR LIBÓN)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil