Folha de S.Paulo

Um industrial com alguns parafusos a mais

- ALFREDO GUNTHER FUCHS (1921-2017) ANTONIO MAMMI ANTONIO DE PÁDUA PEROSA - Nesta quinta (16) às 19h, Paróquia S. Domingos, r. Caiubi, 164, Perdizes. ANA LAURA MARTINS GARCIA - Nesta quarta (15) às 19h30, Igreja do Calvário, r. Cardeal Arcoverde, 950, Pinhe

Alfredo não era de aprontar, mas mesmo assim foi expulso da escola aos 15 anos. Seu pai, um rico madeireiro, tampouco era mau pagador, o que não impediu o governo de bloquear as remessas que fazia para quitar as mensalidad­es do novo colégio do filho, na Inglaterra.

Quando chegou ao Brasil, em 1939, a retrospect­iva da vi- da de Alfredo, judeu alemão, era um rosário de injustiças. Quando teve algum poder, tratou de não replicá-las: foi um dos primeiros empresário­s do país a disponibil­izar advogados aos empregados.

A vida de industrial começou no final da década de 1940, após uma malograda tentativa de cultivar algodão no Recife. Ao lado do irmão e de um primo, fundou a Mapri, no antigo bairro fabril da Pompeia, em São Paulo. Com o passar dos anos, o estabeleci­mento tornou-se a maior fábrica de parafusos do país.

Também foi muito ativo em entidades de classe: chefe do sindicato patronal de seu setor, chegou a ser vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), onde aproximou-se de José Mindlin e Celso Lafer.

Sem poder saciar o apetite intelectua­l desde a adolescênc­ia, entrou na faculdade só depois de ter se firmado como homem de negócios. Graduou-se e concluiu um mestrado em filosofia do direito no largo São Francisco.

Bom tenista e ávido leitor de biografias, tinha um amplo repertório de piadas de judeu —o senso de humor, palpita o filho Marcos, seria fruto dos anos roubados na Inglaterra.

Morreu neste sábado (11), aos 96 anos, de falência de múltiplos órgãos. Deixa mulher, três filhos e quatro netos. coluna.obituario@grupofolha.com.br 2º ANO 22º ANO

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