Vinhos locais são companhia para ostras frescas e carnes supermacias
FOLHA,
Os vinhos tintos representam mais de 80% da produção de Bordeaux, mas os brancos não podem ser esquecidos, em especial os cultivados em Péssac-Leógnan. Feitos geralmente com uma mescla das uvas sémillon e sauvignon blanc, eles são a companhia perfeita para frutos do mar servidos em qualquer época do ano.
A junção dos dois grandes rios da região (Dordogne e Garonne) forma o Gironde, que deságua no oceano Atlântico e propicia moluscos, peixes e crustáceos frescos que abastecem restaurantes locais. Um dos destaques são as ostras que vêm da baía de Arcachon, um dos principais polos de produção do molusco na França.
Nos restaurantes bordeleses, podem ser servidas acompanhadas apenas de limão ou então, seguindo o costume local, com linguiça de porco condimentada.
No centro histórico, no distrito de Saint Pierre, em que ainda se veem resquícios da muralha construída no século 15 para proteger a cidade da invasão de bárbaros, uma opção é o Le Petit Commerce, restaurante simples, especializado em frutos do mar. Uma bancada à frente do restaurante, aberto do almoço ao jantar, mostra quais as opções mais frescas.
No almoço executivo, eles oferecem uma opção com entrada, prato principal e sobremesa por € 25 (R$ 95). No jantar, um tartare de atum de entrada e lulas grelhadas como principal, acompanhadas de duas taças de vinho branco, deram no total € 40 (R$ 152).
Das pastagens às margens do rio Gironde são criados milhares de cordeiros, considerados a melhor companhia para os tintos de Bordeaux. O cordeiro de Paulliac (região famosa pelo cultivo da uva cabernet sauvignon) é conhecido por ser alimentado apenas pelo leite da mãe, proporcionando extrema maciez.
Outra opção é o cordeiro pré-salgado, chamado assim porque os animais se alimentam de pastagens inundadas pelo mar, o que confere à carne um sabor mineral.
Os cardápios também oferecem outros pratos de carnes, como a entrecôte à bordelaise, em que a carne é feita em um molho à base de vinho tinto, cebolinha, alho, salsa e às vezes tutano.
Na hora da sobremesa, um doce típico é o canelé, um pequeno bolinho crocante por fora e úmido por dentro que pode ser servido em cafés ou restaurantes. Para acompanhar, os bordeleses oferecerão uma taça de Sauternes, nome da região que produz alguns dos mais famosos vinhos de sobremesa do mundo, com destaque para o feito pelo Château d’Yquem.
A demanda cada vez maior de estrangeiros pelos vinhos de Bordeaux fez com que muitos bares de vinhos abrissem as portas nos últimos cinco anos. Um dos destaques é o Le Millésime, no centro histórico, a poucos metros da praça da Bolsa de Valores. Seu atrativo não está nas tapas que oferece, mas na carta de vinhos: o cliente pode escolher uma taça de Cheval Blanc (um dos tintos mais famosos da região, oriundo da comuna de SaintÉmilion) da safra 2004 por € 60 ( R$ 228) ou tomar uma taça de Château d’Yquem da safra 1995 por € 25 (R$ 95). (NJ)