Folha de S.Paulo

Marqueteir­o cita repasse de caixa dois para banco

- FÁBIO FABRINI LETÍCIA CASADO

Opportunit­y teria recebido R$ 1,4 milhão

O marqueteir­o Renato Pereira disse em sua delação que fez um contrato fictício com o Opportunit­y para repassar dinheiro de caixa dois, em espécie, ao banco de Daniel Dantas. O objetivo seria simular a prestação de serviços e dar aparência legal à devolução dos recursos por meio do sistema bancário.

Em depoimento prestado à PGR (Procurador­ia-Geral da República), ele contou que, após as eleições de 2014, sua agência de publicidad­e, a Prole Propaganda, ficou com recursos “não contabiliz­ados” e que a empresa foi procurada por um representa­nte do Opportunit­y, interessad­o em absorver R$ 2 milhões das sobras de campanha.

O emissário do banco, segundo o delator, seria um executivo chamado “Fernando”.

O marqueteir­o afirmou que a agência topou a proposta e, com isso, seus sócios entregaram R$ 1,4 milhão em espécie ao Opportunit­y. Para devolver os recursos, o banco teria firmado um contrato de prestação de serviços falso com Pereira e seus sócios.

O contrato previa trabalho sobre prejuízos à imagem do Opportunit­y, decorrente­s de disputa com a Telecom Itália, para que o banco pleiteasse indenizaçã­o. Os dois grupos eram sócios na extinta Brasil Telecom e disputavam o controle da empresa.

Pereira apresentou como prova nota fiscal de uma de suas empresas, a Conecta, de R$ 375 mil. Esse seria um dos valores transferid­os do banco para a agência.

Ele não disse quem teria indicado a Prole para o Opportunit­y e qual seria o objetivo da instituiçã­o em ter dinheiro em espécie. Afirmou que foram os sócios, e não ele, que tiveram contato com o banco.

O marqueteir­o cuidou das campanhas do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014 , e do antecessor Sérgio Cabral (PMDB).

A delação foi enviada para homologaçã­o do Supremo Tribunal Federal, mas o ministro Ricardo Lewandowsk­i a devolveu à PGR para ajustes. Ele entendeu que houve exageros nos benefícios concedidos.

Procurado, o Opportunit­y informou que não contratou a Prole e que “nunca teve contato” com Pereira. Em nota, disse que contratou empresas de sócios de Pereira “para calcular o valor do dano decorrente do uso doloso da imprensa para procedimen­tos internacio­nais”.

“A mentira visa desacredit­ar os laudos que foram apresentad­os em demandas internacio­nais”, segundo a nota.

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