Marqueteiro cita repasse de caixa dois para banco
Opportunity teria recebido R$ 1,4 milhão
O marqueteiro Renato Pereira disse em sua delação que fez um contrato fictício com o Opportunity para repassar dinheiro de caixa dois, em espécie, ao banco de Daniel Dantas. O objetivo seria simular a prestação de serviços e dar aparência legal à devolução dos recursos por meio do sistema bancário.
Em depoimento prestado à PGR (Procuradoria-Geral da República), ele contou que, após as eleições de 2014, sua agência de publicidade, a Prole Propaganda, ficou com recursos “não contabilizados” e que a empresa foi procurada por um representante do Opportunity, interessado em absorver R$ 2 milhões das sobras de campanha.
O emissário do banco, segundo o delator, seria um executivo chamado “Fernando”.
O marqueteiro afirmou que a agência topou a proposta e, com isso, seus sócios entregaram R$ 1,4 milhão em espécie ao Opportunity. Para devolver os recursos, o banco teria firmado um contrato de prestação de serviços falso com Pereira e seus sócios.
O contrato previa trabalho sobre prejuízos à imagem do Opportunity, decorrentes de disputa com a Telecom Itália, para que o banco pleiteasse indenização. Os dois grupos eram sócios na extinta Brasil Telecom e disputavam o controle da empresa.
Pereira apresentou como prova nota fiscal de uma de suas empresas, a Conecta, de R$ 375 mil. Esse seria um dos valores transferidos do banco para a agência.
Ele não disse quem teria indicado a Prole para o Opportunity e qual seria o objetivo da instituição em ter dinheiro em espécie. Afirmou que foram os sócios, e não ele, que tiveram contato com o banco.
O marqueteiro cuidou das campanhas do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014 , e do antecessor Sérgio Cabral (PMDB).
A delação foi enviada para homologação do Supremo Tribunal Federal, mas o ministro Ricardo Lewandowski a devolveu à PGR para ajustes. Ele entendeu que houve exageros nos benefícios concedidos.
Procurado, o Opportunity informou que não contratou a Prole e que “nunca teve contato” com Pereira. Em nota, disse que contratou empresas de sócios de Pereira “para calcular o valor do dano decorrente do uso doloso da imprensa para procedimentos internacionais”.
“A mentira visa desacreditar os laudos que foram apresentados em demandas internacionais”, segundo a nota.