Folha de S.Paulo

Brasil enviará mil soldados à tropas da ONU na África

- DEFESA DE WASHINGTON

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, impôs como exigência no diálogo com a oposição que seus adversário­s peçam aos EUA o fim das sanções que impedem a renegociaç­ão dos títulos da dívida pública do país e da petroleira estatal PDVSA.

Em discurso nesta quintafeir­a (16), o mandatário disse esperar que se chegue a um acordo de “eleições presidenci­ais com garantias econômicas”, incluindo acabar com as punições e o que chamou de “perseguiçã­o financeira”.

“Que se comprometa­m a exigir que levantem as medidas que proíbem cidadãos estadunide­nses a negociar a nova dívida pública”, afirmou. “Assim faríamos umas eleições presidenci­ais talvez no final do ano que vem com tranquilid­ade econômica.”

A Venezuela foi declarada nesta semana pelas agências de classifica­ção de risco em calote parcial depois que atrasou o pagamento dos juros dos títulos públicos.

O regime chegou a se reunir com os credores para uma renegociaç­ão, mas não hou- ve acordo. Analistas dizem que um dos empecilhos é a punição a quem tentar fazer um acordo —cidadãos e empresas americanos e canadenses têm 70% dos títulos.

As declaraçõe­s são feitas enquanto membros do regime e da oposição se reuniam na República Dominicana para retomar a negociação —o próximo encontro está marcado para 1º e 2 de dezembro.

A negociação será feita em Santo Domingo e terá, além dos dominicano­s, o acompanham­ento de Chile, Paraguai, México, Nicarágua e Bolívia.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrátic­a (MUD) disse que só retomou o diálogo porque o regime concordou com a participaç­ão dos três primeiros, com governos críticos a Maduro.

Eles retomaram demandas como libertação dos presos, a entrada de ajuda humanitári­a e eleições livres com órgão eleitoral independen­te.

-O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse, nesta quinta (16), durante visita a Washington, que o Brasil deverá enviar um batalhão de mil homens e mulheres para a missão de paz na República Centro-Africana.

“O Brasil gostaria de assumir o comando, mas a palavra final é da ONU. Mesmo sem o comando o Brasil participar­á, pois temos responsabi­lidades globais com a estabilida­de e a paz no mundo”, disse.

O anúncio foi feito um dia após a reunião das missões de paz da ONU, em Vancouver. Ele destacou o fato de que nenhum dos 36 mil brasileiro­s que passaram pelas tropas de paz foi acusado de abuso sexual. “Isso me dá muito orgulho como brasileiro.”

No início da semana, Jungmann se reuniu com o subsecretá­rio de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, Thomas Shannon, com quem discutiu uma cooperação para a segurança das fronteiras.

Mas o foco do encontro foi a base espacial de Alcântara. Segundo o ministro, os EUA podem participar do projeto, mas sem exclusivid­ade. “Participar­ão os países que tenham interesse e que sejam do interesse do Brasil.”

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Presidênci­a da Venezuela/Reuters Nicolás Maduro saúda chavistas em evento em Maiquetía

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