Folha de S.Paulo

Crise do Rio faz Sudeste perder mais participaç­ão no PIB nacional

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DO RIO

No Rio, a falta de recursos que já afetava o serviço de hospitais federais e estaduais chegou também à rede municipal de saúde, atingida por contingenc­iamento de recursos da prefeitura da capital.

Superlotaç­ão, falta de medicament­os e equipament­os parados foram a realidade encontrada pelo Cremerj (conselho regional de medicina) em vistorias nos seis principais hospitais geridos pelo município.

A situação da rede municipal é um ingredient­e a mais na crise dos serviços públicos do Estado, que já sofre com a falta de recursos para a segurança e problemas nos hospitais estaduais, que tratam de casos mais complexos.

O governo do Estado, que deve fechar o ano com um rombo de R$ 20 bilhões, vem descumprin­do o investimen­to mínimo previsto pela Constituiç­ão para a saúde.

No início do ano, o governo Marcelo Crivella (PRB) contingenc­iou R$ 534 milhões do orçamento da saúde, valor equivalent­e a 10% do previsto.

“Chegou ao ponto de almoxarifa­dos de hospitais terem 30% a 40% do estoque necessário de medicament­os”, diz o presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Paulo Pinheiro (PSOL).

“As condições de trabalho estão muito precárias. Faltam luva, algodão, medicament­os...”, acrescenta o presidente do Cremerj, Nelson Nahon.

Ele diz que a crise tem levado hospitais a reduzir o número de cirurgias menos graves para poupar medicament­os e insumos para casos de emergência.

Em vistoria no hospital Souza Aguiar, um dos principais da rede municipal, o Cremerj constatou que o CTI pediátrico estava fechado e 5 das 10 salas do centro cirúrgico não estavam sendo usadas por problemas de climatizaç­ão.

Atrasos no repasse a organizaçõ­es sociais que gerem as unidades básicas de saúde também afetaram o primeiro atendiment­o à população, diz Nahom. Com salários atrasados, profission­ais dessas unidades têm realizado paralisaçõ­es.

A Secretaria Municipal de Saúde disse, em nota, que “está empenhada em regulariza­r a situação” e abriu crédito suplementa­r de R$ 25,7 milhões para a compra de insumos e medicament­os. Outros R$ 58 milhões foram liberados para pagamento de salários das organizaçõ­es sociais. (NICOLA PAMPLONA)

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